AutoIndústria
Ao apresentar balanço de vendas de máquinas no ano passado, com números negativos no segmento agrícola e positivos no de construção, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ressaltou a invasão dos chineses também nessa área, em especial nas compras públicas do governo federal.
Ele informou que um estudo em elaboração pela entidade mostra que em 29 licitações contemplando 2.132 produtos, 32% das máquinas autopropulsadas adquiridas pelo Governo Federal foram de empresas sem etapas fabris no Brasil, o que definiu como “a invasão das máquinas importadas nas compras públicas do país”.
Ainda de acordo com o executivo, uma segunda etapa do estudo vai revelar que há empresas que estão maquinando a produção local com importação.
“São empresas com menos de 20 empregados que não têm como estar produzindo aqui. Algumas entram e saem do país rapidamente e mantém escritórios em uma salinha. É uma vergonha e vamos detalhar isso mais pra frente, até porque é preciso se atentar para a questão da manutenção das máquinas, que tende a não ser adequada nesses casos”.
Por conta da invasão dos chineses, o setor de máquinas agrícolas e de construção registrou déficit comercial em 2024 pelo segundo ano consecutivo.
No caso das importações, mais de 55% das máquinas autopropulsadas vêm da China e 26% da Índia. A participação da China nas importações de máquinas nas Américas dobrou em 2024, passando de 20,7% para 43%. Em construção, foi de 7,7% para 12,7%, informou Lima Leite:
“Se não houver política pública bem equacionada, os investimentos brasileiros poderão ser comprometidos. As importações totais de máquinas cresceram três vezes de 2020 para 2024, de 12,8 mil para 20,6 mil, enquanto as exportações foram ampliadas em 1,6 vez, de 12,8 mil para 20,6 mil. O déficit atual é de 5,8 mil unidades”.
Assim como acontece com os carros eletrificados, a Anfavea defende a retomada do Imposto de Importação das máquinas para os 14% tradicionais. Esse índice baixou para 8% em 2022, vem subindo gradativamente desde então e está em 12,6%.
O presidente da entidade lembrou que os Estados Unidos, com a posse de Donald Trump, deverá elevar barreiras aos produtos chineses, o que de um lado pode favorecer as exportações brasileiras mas, de outro, pode aumentar a oferta de máquinas vindas daquele país no mercado brasileiro.
As vendas de máquinas de construção no ano passado atingiram 37, 1 mil unidades no mercado brasileiro, alta de 22 sobre as 30,4 mil comercializadas em 2023. Já no caso das máquinas agrícolas, 48,9 mil unidades em 2024 ante as 61 mil do ano anterior, queda de 19,8%. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)