AutoIndústria
Desde que deixou de produzir veículos no Brasil, em 2021, a atuação da Ford no mercado interno restringiu-se praticamente a veículos comerciais leves. O esportivo Mustang e os SUVs Bronco e Territory são exceções limitadas a pequenos volumes. Os três têm, somados, apenas 5,3 mil licenciamentos nos oito primeiros meses de 2024.
Muito diferente do que acontece com a van Transit e a Ranger — além das picapes Maverick e F-150, produtos de nicho e naturalmente com vendas diminutas. A dupla responde pela quase totalidade dos 23 mil utilitários da marca licenciados até agosto, 53% a mais do que em igual período de 2023 — enquanto o segmento cresceu menos de um terço disso, 16%.
O número faz da Ford a quinta marca mais vendida de comerciais leves, enquanto entre automóveis de passeio é apenas a 18ª colocada. A maior parte desse desempenho deve ser creditada, sem sombra de dúvida, à nova geração da Ranger.
A picape fabricada na Argentina somou 18,2 mil emplacamentos em oito meses, ante 11,3 mil de igual período do ano passado. O salto de 62% é o quádruplo da média do segmento de picapes grandes, que avançou 16% – de 147,8 mil para 171,4 mil licenciamentos — e, segundo critérios da Fenabrave, é disputado por outra dúzia de modelos.
Inexplicavelmente, a entidade ainda relaciona na categoria Fiat Toro, Chevrolet Montana, Renault Oroch e Ram Rampage, modelos monoblocos de porte inferior, de menor capacidade de carga e perfil de mercado totalmente distinto.
Consideradas somente as concorrentes diretas da Ranger, ou seja, picapes montadas sobre chassi e capazes de carregar cerca de 1 tonelada na caçamba, a evolução do modelo da Ford é ainda mais expressiva.
Esse grupo de, por enquanto, seis modelos somaram 84,5 mil unidades licenciadas de janeiro a agosto, 7,5% a mais do que em igual período de 2023. A representante da Ford, assim, contabiliza crescimento oito vezes maior do que a média.
A comparação não leva em conta a debutante Fiat Titano, lançada em março deste ano e que alcançou pouco mais de 2,4 mil unidades negociadas desde então, menos até do que as 2,8 mil registradas pela Ranger apenas em agosto.
De qualquer forma, as 18,2 mil unidades já são o melhor resultado da Ranger para os oito primeiros meses, superior às 16,9 mil registradas lá no longínquo 2014. Há exatos dez anos também, quando os brasileiros compraram mais de 3,3 milhões de automóveis e comerciais leves, a picape Ford alcançou 24,1 mil emplacamentos, maior resultado até hoje.
Mantida no último quadrimestre a média mensal de 2,2 mil emplacamentos registrada de janeiro a agosto, a Ranger pulverizará essa marca em 2024 e cravará um novo recorde ao longo de três décadas no País, além de se consolidar na terceira posição do ranking da Fenabrave de picapes grandes ou a segunda entre as de 1 tonelada, comparação mais adequada.
A Ranger ganhou uma geração totalmente nova em junho de 2023. Pelas vendas colhidas neste pouco mais de um ano, a Ford parece ter acertado a mão no produto, tecnologias, versões, nível de conteúdo e preços. Já no ano passado, o modelo foi destaque no segmento, com pouco mais de 20,3 mil licenciamentos no Brasil, 42% a mais do que no ano anterior.
Mas para colher, a montadora plantou. A atual geração da picape e os motores produzidos localmente — os turbodiesel 3.0 V6 de 250 cv e 2.0 quatro cilindros de 170 cv — demandaram investimentos na modernização da veterana fábrica de Pacheco, na Argentina. Agora digitalizada, conectada e dotada de conceitos de produção 4.0. (AutoIndústria/George Guimarães)