Mercado eleva projeção de inflação para 4,37%, com a Selic indo a 11,5% este ano

O Estado de S. Paulo

 

O mercado voltou a aumentar as projeções para a inflação nos próximos anos, mesmo já considerando uma taxa Selic média mais alta até o fim de 2025. De acordo com o relatório Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, a mediana das projeções dos analistas para o IPCA de 2024 subiu de 4,35% para 4,37%, aproximando-se ainda mais do teto da meta este ano, de 4,50%.

 

Foi a décima alta seguida do índice da inflação. Considerando apenas as 97 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, o IPCA passou de 4,37% para 4,40%. Um mês atrás, a estimativa para o índice era de 4,25%. Em seu cenário de referência, o BC espera que o IPCA feche o ano em 4,30%, e desacelere a 3,70% em 2025.

 

O novo reajuste para cima das estimativas do mercado para a inflação veio um dia antes da divulgação da ata da reunião da semana passada do Copom, que decidiu pela alta de 0,25 ponto porcentual na Selic, sinalizando em seu comunicado – que falou em uma assimetria altista no balanço de riscos para a inflação – a possibilidade de ajustes maiores na taxa nas próximas reuniões. O que levou muito analistas a falarem numa taxa Selic de até 12% em janeiro de 2025.

 

‘Balanço de riscos’

 

No boletim Focus divulgado ontem, a mediana para a Selic no final de 2024 voltou a subir, passando de 11,25% para 11,50%, confirmando que o mercado já espera pelo menos um aumento de 0,5 ponto porcentual nos juros este ano.

 

Na última quarta-feira, entre os riscos inflacionários o colegiado citou ainda o hiato do produto, até então considerado estável, agora com um viés positivo. “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirmou o Copom, no comunicado sobre a decisão.

 

Assim, a mediana para o IPCA de 2025, que mais se aproxima do horizonte relevante da política monetária, subiu de 3,95% para 3,97% na edição do Focus divulgada ontem. Considerando apenas as 96 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, essa mediana já passou de 3,97% para 4%.

 

A estimativa para 2026 também oscilou para cima, de 3,61% para 3,62%, subindo pela segunda semana consecutiva. As expectativas para esses dois anos estão acima do centro da meta, de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. (O Estado de S. Paulo/Cícero Cotrim)