O Estado de S. Paulo
Entre ônibus, metrô, carro, trem e bicicleta, os moradores de São Paulo levam, em média, 2 horas e 25 minutos para se deslocar pela cidade para todas as atividades diárias. Em um mês, ao considerar esses deslocamentos em todos os dias úteis, são mais de dois dias inteiros (48 horas e 20 minutos) presos no trânsito.
Se considerados aqueles que se deslocam com transporte público, a média paulistana é de 2 horas e 47 minutos, um aumento de 10 minutos em relação ao apurado no ano passado. Os dados são da pesquisa Viver em São Paulo, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ipec, que entrevistou 800 pessoas.
Ao levar em conta apenas o deslocamento para a atividade principal dos moradores, como trabalho ou estudo, o levantamento mostrou que os paulistanos levam, em média, 1 hora e 38 minutos, um recuo de 15 minutos com relação a 2023. No caso dos que usam transporte público, o tempo aumenta para quase 2 horas.
Por modais
O ônibus municipal é apontado como o meio de transporte usado com maior frequência pelos paulistanos, seguido do carro e do metrô. “É possível notar que a parcela de pessoas que declara utilizar o transporte coletivo com maior frequência em seus deslocamentos pela cidade vem aumentando desde o período pós-pandemia, em contrapartida à redução do uso do transporte individual”, diz o documento. Em 2020, o ônibus era utilizado por 47% dos moradores; neste ano, é usado por 61%.
Mudança de hábito
Em 2020, as formas de locomoção individuais eram a escolha de 53% da população; hoje, são de 38%, ainda que pouco mais da metade dos domicílios da capital possua um carro de passeio e um em cada dez moradores tenha o hábito de usar bicicleta para se deslocar pela cidade.
Entre os que diminuíram a frequência de uso do carro, o preço do combustível e a economia ou redução de custos são as principais razões. Já a possibilidade de furtos e roubos é o que mais afeta a vontade da população de usar as bicicletas
“A sensação é de que a lotação, o tempo de espera e a insegurança/assédio sexual aumentaram em relação a um ano atrás; já a percepção sobre o tempo de duração das viagens no transporte coletivo fica dividida entre ‘aumentou’ e ‘ficou igual’” nas ciclovias e ciclofaixas da capital.
O perfil dos usuários de cada meio de transporte, porém, varia conforme a classe social. Os que mais usam transporte coletivo são, majoritariamente, das classes D e E, que não possuem carro particular e têm renda familiar mensal de até 2 salários-mínimos. Enquanto isso, mais da metade dos moradores que mais usam transporte individual é das classes A e B, com carro particular e renda familiar mensal maior que 5 salários-mínimos.
Quando indagados sobre o que os levaria ao transporte coletivo, os entrevistados (não usuários do serviço) citaram a diminuição do tempo de espera (que aumentou desde o ano passado) e a existência de mais linhas de ônibus. Por sua vez, entre aqueles que utilizam os ônibus, a frequência e a lotação são apontados como os principais problemas a serem resolvidos, seguidos da pontualidade e do preço da tarifa.
Em relação ao impacto do preço da passagem em suas vidas, cerca de 40% dos paulistanos entrevistados afirmaram deixar de visitar amigos e familiares e um terço disse deixar de realizar atividades de lazer.
Como o Estadão vem mostrando na série Agenda SP, sobre eleição, especialistas afirmam que a capital paulista precisa acelerar a implementação de soluções inovadoras e sustentáveis para oferecer transporte de qualidade e com menos impacto ambiental aos seus 11,5 milhões de habitantes. Investimentos nos sistemas coletivos e na transição energética precisam ser prioridade.
Assédio
“Nesse contexto, assim como em anos anteriores, a sensação é de que a lotação, o tempo de espera e a insegurança/assédio sexual aumentaram em relação a um ano atrás; já a percepção sobre o tempo de duração das viagens no transporte coletivo fica dividida entre ‘aumentou’ e ‘ficou igual’”, diz a pesquisa do Ipec. (O Estado de S. Paulo/Isabela Moya)