Golf GTI Mk8,5 é a grande estrela da Volkswagen no Rock in Rio

Motor 1

 

Patrocinadora do Rock in Rio 2024, a Volkswagen aproveita a proximidade do festival (que começa nesta sexta-feira e vai até o próximo dia 22) para mostrar no Brasil o Golf GTI de oitava geração no Brasil. O modelo será a maior estrela da marca em um estande com três andares e 150 m², localizado em frente ao palco Mundo.

 

O pretexto é comemorar os 50 anos de lançamento do Golf. O modelo atual, trazido da Alemanha de avião, está sendo exibido ao lado de um exemplar da primeira geração, cedido por um colecionador. A quem pergunta se há chances de o GTI Mk8 ser vendido no Brasil, atendendo ao anseio de milhares de apaixonados, a Volkswagen dissimula com um “continuamos estudando a viabilidade de importá-lo mas, por enquanto, o carro veio só para demonstração”.

 

Vale lembrar que, no Rock in Rio de 2022 a marca alemã trouxe a ID. Buzz e o ID.4 com o mesmo argumento de “testes de engenharia e participação em eventos”. Tempos depois, os dois modelos elétricos passaram a ser oferecidos no sistema de assinatura VW Sign&Drive (hoje as mensalidades são de “módicos” R$ 13 mil e R$ 7 mil, respectivamente).

 

Um retorno?

 

O último Golf vendido no Brasil foi o híbrido plug-in GTE, em 2020 — eram apenas 99 carros importados da Alemanha, na despedida da geração Mk7. Há quatro anos, portanto, que o modelo não figura no site brasileiro da marca.

 

Os derradeiros Golf produzidos no país (na fábrica de São José dos Pinhais, Paraná) também eram da geração Mk7, entre 2015 e 2019. Assim, é com certa ansiedade que recebemos no Rio esse Mk8 da icônica versão GTI.

 

A linha Golf MK8 foi lançada em Wolfsburg em dezembro de 2019 e já até passou por um tapinha de meia vida em 2023 — ganhando o apelido de Mk8.5. Dessa nova leva, a versão GTI ficou por último e, somente no mês passado, os jornalistas automotivos europeus puderam andar com o carro.

 

Em uma entrevista ao Motor1 Podcast, Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil, revelou que estava estudando a volta do Golf GTI ao Brasil, desta vez como carro de nicho, na mesma faixa dos Civic Type R e GR Corolla. As versões escolhidas, portanto, só poderiam ser a GTI ou a R (de maior performance e com tração integral).

 

O GTI atual

 

Recém-lançado na Europa, o GTI na cor Mondsteingrau (cinza pedra da lua) desembarcou há três semanas no aeroporto de Viracopos, em Campinas. Seu motor 2.0 turbo é nosso velho conhecido: o mesmo EA888 usado no GTI Mk7 nacional. Agora, contudo, são 265 cv de potência e 37,7 kgfm de torque máximo (contra 230cv e 35,7 kgfm do carro que era fabricado aqui).

 

Vai sempre atrelado ao conhecido câmbio DSG de dupla embreagem e 7 velocidades e aí temos uma triste notícia para os puristas: a transmissão manual de 6 marchas deixou de ser oferecida no GTI alemão. O carro acelera de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos e sua máxima é limitada eletronicamente a 250 km/h (no último Golf GTI nacional, eram 7s e 238 km/h, respectivamente).

 

As dimensões externas do novo Golf são bem semelhantes às do Mk7, a começar pelo entre-eixos de 2,63 m. Contudo, suas linhas mais alisadas, com o capô em cunha, fazem o carro parecer maior. O porta-malas é que cresceu um pouco: de 338 para 374 litros.

 

Na linha 2025, o GTI ganhou faróis inteligentes ID.Light, com capacidade luminosa muito superior aos Leds e lâmpadas comuns. E, pela primeira vez, um Volkswagen europeu pode vir com o logotipo VW iluminado.

 

O interior foi atualizado com uma nova central multimídia. Tanto o hardware quanto o software foram alterados em resposta às muitas reclamações dos donos de Mk8 na Europa. O sistema de quarta geração é chamado de MIB4 e traz uma tela sensível ao toque de 12,9 polegadas. As teclas convencionais agora são retro-iluminadas e ficaram mais fáceis de operar. Também foi introduzido o assistente de voz baseado em linguagem natural, integrado ao ChatGPT.

 

Na Alemanha, um Golf GTI Mk8,5 custa a partir de 44.505 euros, o que dá R$ 275.500 na conversão direta pelo câmbio atual. O carro trazido para o Rock in Rio traz ainda as rodas Estoril pretas, de 19” com pneus 235/35 R 19 – esse conjunto é um opcional de 1.735 euros (R$ 10.740).

 

A quem achou pouco, existe ainda o Golf na versão R, com 333 cv e tração integral. Mas este ficou de fora do festival.

 

50 anos de história

 

Até o fim dos anos 60, Volkswagen era sinônimo de motor traseiro refrigerado a ar. Heinrich Nordhoff, que após a Segunda Guerra ressuscitou a companhia a partir de um monte de escombros, nem admitia a ideia de fazer carros com motor dianteiro “a água”.

 

Mas Nordhoff morreu em 1968, poucos anos após a Volks ter comprado a Auto Union/Audi. Apesar de as vendas do Fusca ainda estarem no auge, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, era claro que o fôlego não se manteria eternamente. Modelos maiores da marca, como o VW 411, não decolaram. Uma revolução tinha que acontecer.

 

Inicialmente, decidiu-se fazer um carro médio baseado em um modelo da marca NSU (recém-anexada à Audi). Era o K70, o primeiro Volkswagen com tração dianteira e motor “a água”. Foi um enorme fracasso. O sucesso da nova fase só veio em 72, com o Passat. Esse modelo, na verdade, era um Audi 80 com roupa nova (traço de Giorgetto Giugiaro) e o escudo VW na grade.

 

O mundo mudava, os japoneses chegavam e as vendas do Fusca caíam nos EUA e Europa. A Volks precisava de um novo carro pequeno. Para substituir o velho besouro, a companhia chegou a estudar um protótipo com motor central instalado sob o branco traseiro (EA 266), mas acabou desistindo da ideia. O protótipo seguinte (EA 276) já tinha motor dianteiro, mas era um boxer refrigerado a ar, num arranjo que anos mais tarde seria aproveitado no Brasil para o lançamento do Gol.

 

Mas foi o protótipo EA337, assinado por Giugiaro, que realmente deu origem ao primeiro Golf, lançado em 1974. Tinha motor transversal dianteiro de quatro cilindros em linha, refrigerado a água — um tipo de projeto já usado no Mini, no Peugeot 204 e nos Fiat 127 e 128.

 

Apesar de não ter sido o pioneiro, o Golf se tornaria o arquétipo dos hatch modernos. As linhas retas, com colunas C grossas, davam ao modelo um aspecto limpo e, ao mesmo tempo, robusto. Além disso, o acabamento era ótimo.

 

Leve e com menos de quatro metros de comprimento, o carro mostrava agilidade. Em 1976, começou a ser vendida a versão GTI, com 110cv, capaz de bater rivais maiores e mais caros nas autobahnen. Num instante, todas as outras fabricantes copiaram a ideia, fazendo esportivos derivados de carros hatch.

 

Com robustez, qualidade de construção e simplicidade (as mesmas características que fizeram a fama do Fusca), os Golf conseguiram agradar a compradores de várias camadas sociais, mantendo a Volks viva e sempre entre as líderes do mercado mundial.

 

O Brasil demorou a receber o modelo. Somente em 1994 é que o Golf (geração Mk3) foi lançado aqui, inicialmente importado do México e da Alemanha. Em 1998 foi a vez de a geração Mk4 começar a ser fabricada aqui — durou tanto que acabou ganhando uma geração “4,5”, requentada exclusivamente para o mercado nacional. Daí, pulamos diretamente para a geração Mk7, que vinha importada e, a partir de 2015, passou a ser feita no Paraná.

 

Hoje, o Golf já está na oitava geração (“Mk8,5”, para ser exato). Nesses 50 anos de existência, mais de 37 milhões de exemplares foram produzidos, deixando longe o recorde anterior da Volkswagen, de 21 milhões de Fuscas. (Motor 1/Jason Vogel)