AutoIndústria
Ao reforçar a preocupação com o aumento desenfreado das importaç?os de veículos este ano, com volumes atipicamente acima das exportações, a Anfavea revelou estoque recorde de 81,7 mil carros chineses eletrificados no País.
É algo realmente preocupante na avaliação da entidade, visto que supera o total de 72.476 veículos chineses comercializados no Brasil no acumulado de janeiro a agosto deste ano, o que representou alta de 339% sobre as 16.521 unidades do mesmo período de 2023.
“Essas 81,7 mil não constam do levantamento dos estoques das montadoras aqui instaladas. São veículos não emplacados, que estão aguardando o consumidor ir buscar. Não sabemos como vai impactar o mercado”, comentou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
Ele chegou a ironizar o elevado estoque, dizendo que pode ser volume adicional que as marcas chinesas trouxeram para cá com o intuito de exportar para outros países, como Argentina. O risco real, contudo, é o de haver excesso de promoções nesta segunda metade do ano, com distorções no mercado brasileiro.
Um dos fatores que pode justificar esse aumento exagerado das importações por parte das marcas chinesas, em especial a BYD e a GWM, é a estratégia de estocagem de modelos adquiridos com alíquotas menores de Imposto de Importação para garantir preços internos melhores.
No caso dos eletrificados, esse imposto era zerado até o ano passado e está sendo retomado agora em 2024. Subiu para 9%a 12% e em janeiro, de acordo com o grau de eletrificação, e para 18% a 22% em julho, conforme lembrou o vice-presidente e titular do MDIC, Geraldo Alckmin, durante coletiva da Anfavea em Brasília nesta última quinta-feira, 5.
Há novas altas em 2025 e a retomada dos 35% está prevista apenas para julho de 2026. Lima Leite informou, inclusive, que a entidade vai fazer um pleito para a retomada imediata dessa alíquota junto à Camex, Câmara de Comércio Exterior, reforçando pedido já encaminhado ao MDIC e até mesmo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As importações de veículos registram crescimento de 35% no acumulado deste ano, com 279.578 unidades comercializadas internamente, ante as 207.110 do mesmo período de 2023. Em agosto sobre julho houve pequeno recuo de 1,7% nas vendas, com movimento atribuído ao menor número de dias úteis do mês.
De forma atípica, as importações este ano estão maiores do que as exportações, que de janeiro a agosto limitaram-se a 242.613 unidades, queda de 17,9% sobre as 295.457 vendidas para outros países em idêntico período do ano passado.
Com relação aos estoques mantidos hoje pelas montadoras, agosto fechou com 268,9 mil veículos, um pouco acima dos 255,8 mil de julho. O volume atual equivale a 34 dias de produção, o que é absolutamente normal, segundo o presidente da Anfavea. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)