AutoIndústria
Desde que assumiu o comando mundial da marca Volkswagen há mais de dois anos, Thomas Schafer tem desferido críticas às estruturas da empresa na Alemanha, considerada por ele lentas, complexas e de custos elevados para quem almeja estar no topo entre as fabricantes globais de veículos elétricos nos próximos anos.
Esse quadro, alerta o dirigente, faz com que os atuais veículos da marca tenham baixa competitividade no embate com produtos fabricados na China, inclusive também os da Tesla, em parte produzidos do país asiáticos de onde segue para os mercados europeu.
Para dar maior fôlego nessa briga à marca líder de vendas do Grupo Volkswagen, no fim do ano passado a empresa anunciou plano para cortar cerca de € 10 bilhões de seus custos até 2026.
Na época, vazara a informação de que Schafer e equipe consideravam ser imprescindível, dentre diversas medidas como, por exemplo, menor ciclo de vida dos veículos, ser clara a necessidade de reduzir também o quadro de funcionários de distintas áreas para alcançar a economia pretendida.
Nesta última segunda-feira, 2, menos de um ano depois da divulgação do plano, a Volkswagen afirmou, por meio de nota, que “a situação não pode ser superada com simples medidas de corte de custos” e que não descarta o fechamento de fábricas vistas como obsoletas na Alemanha.
Segundo informa a agência de notícias Reuters, o conselho de trabalhadores da empresa afirmou que a montadora estaria avaliando o fechamento de uma planta de veículos e outra de componentes em seu país de origem.
A Volkswagen, de qualquer forma, já admitiu o encerramento do programa de segurança de emprego na Alemanha adotado em 1994 e que impedia cortes de empregos até 2029. Mas acrescentou que todas as medidas seriam discutidas com o conselho de trabalhadores.
Um reunião entre a cúpula da marca, inclusive com a presença de Thomas Schafer, e representantes dos trabalhadores deve ocorrer na próxima quarta-feira, 4. Há ainda a expectativa de que Oliver Blume, CEO do Grupo Volkswagen, participe pessoalmente das negociações.
Blume, que era presidente do conselho de administração da Porsche, assumiu o maior posto do conglomerado automotivo alemão que reúne mais de uma dezena de marcas em setembro de 2022.
Ele substituiu a Herbert Diess, que permaneceu como CEO ao longo de quatro anos, período marcado por polêmicas e desajustes entre os dirigentes também sobre o encaminhamento do processo de transição energética e eletrificação das marcas do grupo.
Foi sob o comando de Diess que o Grupo Volkswagen buscou contornar os estragos do chamado “dieselgate”, revelado em 2015, e se assumiu como candidato a líder mundial na produção de veículos elétricos já a partir do ano que vem, algo ainda de difícil concretização com a súbita ascensão das marcas chinesas, da BYD em particular. (AutoIndústria)