Asfalto reciclado ajuda a reduzir emissão de partículas poluentes

O Estado de S. Paulo

 

Presente nas rodovias de Norte a Sul do País e elemento fundamental de desenvolvimento econômico e facilitador da mobilidade, o asfalto traz uma série de passivos ambientais. Entre eles está o fato de que o material emite partículas poluentes tanto em seu processo de fabricação quanto ao longo de toda sua vida útil.

 

Estudos recentes, como o coordenado por Peeyush Khare, pesquisador do Departamento de Engenharia Química e Ambiental da Universidade de Yale (EUA), revelam que o pavimento, feito de materiais derivados do petróleo, emite uma quantidade severa de partículas poluentes quando exposto a altas temperaturas, luz solar e chuva. E isso se torna ainda mais preocupante quando todo o planeta está envolvido no enorme desafio de reduzir o aquecimento global.

 

Asfalto reciclado

 

Para mitigar esses efeitos, concessionárias de rodovias têm buscado algumas alternativas. Um dos exemplos é o uso de asfalto reciclado pela Arteris, empresa que faz a administração de 3.200 km de vias nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná.

 

Também chamado de RAP (sigla em inglês para Reclaimed Asphalt Pavement), ele é produzido a partir da fresagem de pavimento antigo. Depois, ele é transportado para usinas, onde é incorporado na fabricação de novas misturas asfálticas. De acordo com a Arteris, o composto foi usado em 11,1 quilômetros na Rodovia Fernão Dias (faixa no Contorno de Betim BR-381, em MG). A nova tecnologia também foi empregada em 27,5 quilômetros no microrrevestimento de faixa em vários pontos da Arteris Via Paulista (SPA/271/310, SPA112/255 e SP 255).

 

Parceria com a USP

 

Ainda segundo a empresa, o RAP está sendo incorporado no microrrevestimento asfáltico, uma técnica usada para corrigir pequenas fissuras e irregularidades na superfície do pavimento. Entre seus benefícios estão melhora na durabilidade, custo reduzido na comparação com o asfalto tradicional, além de menor retirada de recursos da natureza.

 

Apesar de ser aplicado em camadas finas, geralmente de espessura de 10 a 15 milímetros, o microrrevestimento traz maior aderência, mesmo com passagem diária dos veículos, segundo testes feitos desde 2019 pela Universidade de São Paulo (USP).

 

“O uso do RAP foi testado inicialmente como projeto piloto nas rodovias Fernão Dias e Litoral Sul e, em breve, também deverá ser replicado para outras concessionárias da companhia”, diz Celso Romeiro Júnior, superintendente de pavimentos da Arteris.

 

Estudos feitos em parceria com a USP mostram que a aplicação do RAP pode reduzir entre 27% e 50% as emissões de dióxido de carbono na atmosfera durante seu ciclo de vida na comparação com o asfalto convencional. Assim, a empresa afirma que está fazendo testes para aumentar o uso da tecnologia em suas obras. (O Estado de S. Paulo/Daniela Saragiotto)