Diretores de marketing planejam investimentos em inteligência artificial

O Estado de S. Paulo

 

No momento em que o mercado criativo debatia os próximos passos do setor de marketing na semana do Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade, alguns dos principais diretores de agências do mundo travavam discussões sobre seus investimentos no tema do momento: as ferramentas de inteligência artificial generativa.

 

O apetite desses executivos por investir nos dispositivos, que prometem ampliar a criatividade e reduzir custos operacionais das empresas, já se reflete em números. Um estudo realizado pela empresa Boston Consulting Group (BCG) mostra que os investimentos no setor devem ser liderados pelos diretores.

 

Segundo o relatório, que ouviu 200 representantes de marketing de empresas em 12 países, cada executivo pretende investir, em média, cerca de US$ 10 milhões no aprimoramento do uso das plataformas de IA generativa.

 

Em alguns eventos neste ano no Festival de Cannes, que ocorreu entre 14 e 25 de maio, os publicitários discutiam o uso da IA como ferramenta criativa. “Acredito que, no momento, há uma enorme pressão sobre os CMOs (chefe de marketing, na sigla em inglês) para impulsionar o crescimento das empresas. E eles estão apostando nos casos de uso e nas iniciativas de IA e IA generativa para impulsionar grande parte desse crescimento”, afirma o líder de marketing do Boston Consulting Group para os Estados Unidos, Mark Abraham.

 

Segundo o relatório, parte desse investimento se dá em meio ao aumento da pressão das companhias por mais eficiência e crescimento.

 

O executivo do Boston Consulting Group para os Estados Unidos explica que, na consulta feita com os executivos, as principais companhias que utilizam as ferramentas de IA generativa fazem uso delas de maneira instrumental, para reduzir trabalhos manuais, mas que ainda não há um uso generalizado que seja visto como um impulsionador da criatividade.

 

“Vou dizer uma coisa sobre a criatividade. Acho que as melhores empresas estão se concentrando em eliminar o trabalho dispendioso, que não são coisas muito criativas, como tradução, por exemplo. Fotografar a mesma bolsa para o site em dez cores. Bem, eu tinha de fazer isso antes, mas agora posso fotografar uma vez e recolorir com a IA generativa, e fica perfeito”, afirma.

 

Abraham afirma que, nesse sentido, anunciantes e agências poderão economizar tempo dos recursos humanos, que poderão ser mais bem aproveitados para pensar estrategicamente no crescimento das marcas. “É muito trabalho e muito custo que podem ser eliminados. E, mais uma vez, liberar esses recursos para pensar de forma mais estratégica.”

 

Ainda sem muitas respostas sobre como melhor utilizar essas ferramentas, os executivos garantiram presença no festival de criatividade para troca de experiências entre pares e aprofundamento nas discussões do mercado. Nesta edição do Cannes Lions, a organização oficial do evento realizou uma série de palestras e seminários focados nesses executivos.

 

Outro dado levantado pela pesquisa é que as ferramentas de IA generativa já estão presentes nas companhias, e 80% dos executivos dizem que essas tecnologias estão melhorando a automação, a velocidade e a produtividade no processo criativo. (O Estado de S. Paulo/Wesley Gonsalves)