Elétricos e híbridos pagam mais imposto

Jornal do Carro

 

O mercado de carros elétricos e híbridos está em plena ebulição no Brasil, principalmente com o sucesso de modelos chineses, que vêm liderando as vendas no País. Um dos pontos que contribuiu decisivamente para esse sucesso instantâneo foram os preços competitivos, que, aliás, abalaram o mercado com reduções em massa nas tabelas de várias marcas. Isso tudo mesmo com o retorno gradual do imposto de importação, em janeiro deste ano.

 

Conforme o Jornal do Carro reportou há um ano, vários carros elétricos e híbridos baixaram de preço em até R$ 100 mil logo após o lançamento do BYD Dolphin, em junho de 2023. Pois o mesmo ocorreu neste ano, no fim de fevereiro, na estreia do Dolphin Mini. O hatch chegou às lojas por R$ 115.800 e, desde então, tornou-se o elétrico mais vendido do País.

 

Na ocasião, a Renault baixou para R$ 99.990 o preço do Kwid E-Tech 100% elétrico. Foi a primeira vez que um carro elétrico ficou com preço abaixo de R$ 100 mil. Assim, momentaneamente, o modelo a bateria – que é importado da China – ficou apenas R$ 20 mil mais caro que o Kwid flex feito no Paraná, com motor 1.0 e câmbio manual. Antes, o elétrico custava R$ 149.990.

 

Imposto de importação vai subir

 

Para acabar com a “festa chinesa”, o governo do presidente Lula estuda retomar o imposto de importação até mesmo antes do previsto. Não será uma taxação direta aos chineses, como a feita no Estados Unidos e na Europa, porque a tarifa aqui incidirá sobre todos os importados, de qualquer origem. Por exemplo, a Volvo, hoje parte do grupo Geely, será taxada em toda a sua linha de veículos, incluindo o EX30, seu último lançamento.

 

No decreto de janeiro deste ano, os carros elétricos, livres de imposto de importação desde 2016, voltaram a pagar 10% de taxa. Mas a alíquota voltou a subir nesta segunda-feira, 1º de julho, para 18%. No caso dos híbridos (HEV), o imposto era de até 4%, passou para 15% em janeiro e, agora, chega a 25%. Assim, gradualmente, o imposto vai subir até voltar à alíquota integral de 35%, em 1º julho de 2026 – daqui a dois anos.

 

Mas a Anfavea, associação que representa as montadoras de veículos com fábricas no País, quer que o governo retome o percentual máximo do imposto de importação antes de 2026. Além disso, pede um teto anual médio de 4.800 carros importados por marca. Isso sob a condição de preservar os investimentos anunciados pelas marcas associadas, que aportes que somam R$ 130 bilhões até o fim da década no País.

 

Carros elétricos em xeque

 

Conforme antecipamos no JC, o impacto do aumento do imposto nos preços dos elétricos e híbridos não deverá ser imediato. Isso porque algumas montadoras, como a BYD, trouxeram grandes lotes de carros da China em navios lotados, para driblar a taxação. Assim, os modelos da marca estão com estoques garantidos para os próximos dois ou três meses. Contudo, em algum momento do segundo semestre haverá reajustes.

 

Isso deve ocorrer em todas as marcas, chinesas ou não. Portanto, é cedo para dizer se essa manobra irá conter as vendas de veículos eletrificados. Como se sabe, o Brasil caminha para se tornar um polo industrial de marcas chinesas – talvez o maior fora da China. A BYD trabalha na construção da nova fábrica de Camaçari, no local onde ficava a planta da Ford, enquanto a GWM prepara a fábrica de Iracemápolis, adquirida da Mercedes-Benz.

 

Seja como for, o aumento de preços será mais notável nos carros elétricos, que pagam taxa de importação menor. Mas, mesmo modelos híbridos deverão sentir o impacto da medida. É o caso de BYD Song Plus e GWM Haval H6, por exemplo, dupla que cresce mês a mês no segmento de SUVs médios com versões híbridas (HEV) e do tipo plug-in (PHEV).

 

Novos percentuais do imposto de importação

Elétricos – Sobe de 10% para 18%

Híbridos – Sobe de 15% para 25%

Híbridos Plug-in – Sobe de 12% para 20%

Comerciais elétricos – Sobe de 20% para 35%

 

Dolphin Mini, Dolphin e Ora 03 na mira

 

Com estoque para os próximos meses, a BYD já trouxe cerca de 60 mil carros para o Brasil no primeiro semestre. Foi uma estratégia para garantir os carros sem reajuste de preços por algum tempo. Porém, não será assim com todas as marcas. A Volvo, por exemplo, anunciou logo no início do ano os novos preços já com o aumento do imposto. Pois o EX30 ficou 5% mais caro. Assim, passou de R$ 219.950 para R$ 229.950.

 

Mas, com a taxa de importação passando de 10% para 18%, o crossover elétrico deverá ficar um pouco mais caro, passando aos R$ 240 mil. Entretanto, vale dizer que o repasse da Volvo não foi integral. Além disso, a marca sueca fez um reajuste maior, de 10%, para os SUVs elétricos C40 e XC40 e para os híbridos XC60 e XC90.

 

Aliás, carros híbridos podem subir de preço mais que os elétricos. Afinal, o aumento da taxa de importação de 15% para 25% vai penalizar modelos como Kia Niro e Haval H6, bem como Honda Civic a Ford Maverick. Já os híbridos plug-in, como o recém-lançado BYD King e o SUV Song Plus 2025, devem encarecer na mesma proporção dos elétricos a bateria (BEV). (Jornal do Carro/Diogo de Oliveira)