Frota de caminhões no país atinge 2,18 milhões de unidades em 2023

Transporte Moderno

 

A frota de caminhões atingiu 2,18 milhões de unidades em 2023, o que representou um avanço de 1% sobre os 2,16 milhões de veículos registrados em 2022, conforme mostra o relatório da frota circulante divulgado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

 

Com 2,18 milhões de unidades, os caminhões representaram 4,6% do total da frota circulante no Brasil, que atingiu 47,12 milhões de veículos em 2023, com aumento de 0,5% sobre os 46,88 milhões de veículos em circulação no país em 2022.

 

O Sindipeças destaca que deste o advento da pandemia, o ritmo de crescimento da frota circulante expressa as dificuldades e transformações por que passa a indústria automotiva no país com o frágil crescimento econômico, elevado patamar da taxa de juros (Selic), restrições para o financiamento de veículos novos, desorganização das cadeias de suprimentos globais (semicondutores), mudança de mix e encarecimento dos veículos, principalmente os de entrada, e mudança no perfil dos consumidores.

 

O Sindipeças ressalta ainda que as categorias de comerciais leves, com 6,14 milhões de veículos em circulação no país no ano passado, 2,5% superior a 2022, e a de caminhões, com 2,18 milhões de veículos, 1% acima de 2022, foram as únicas que tiveram incremento acima da média geral em 2023.

 

“Esse acontecimento é explicado pelo desempenho das vendas da classe de comerciais leves, e em consequência do dinamismo que gera para produção, que subiram, em média, 8,8% e 9,1% no período dos últimos quatro anos, respectivamente, e também pelos resultados colhidos pelos veículos pesados (caminhões e ônibus), especialmente em 2022, haja vista que em 2023 a classe dos pesados foi dramaticamente afetada pela transição de tecnologia de emissões Euro 5 para Euro 6.”

 

Idade média da frota

 

Segundo o Sindipeças, o processo de envelhecimento da frota total de veículos no país continua firme. Nos últimos 10 anos a idade média dos veículos aumentou mais de dois anos – de oito anos e cinco meses em 2014 para 10 anos e oito meses em 2023. Em 2022, a idade média era de 10 anos e seis meses A frota de caminhões envelheceu três anos – de nove anos e seis meses em 2014, para 12 anos e dois meses em 2023. Em 2022, era de 11 anos e nove meses.

 

O Sindipeças informa que o segmento de caminhões também sofreu influência das circunstâncias trazidas pela pandemia de Covid-19, mas a partir de 2019 houve inversão da curva de veículos mais novos (0 a 5 anos), que passa a evoluir favoravelmente. Porém, os veículos entre 6 e 10 anos revelaram comportamento oposto, iniciando trajetória de queda.

 

Em 2023, 23,5% da frota de caminhões possuía idade média de 0 a 5 anos (em 2022 era 22,9%), com 513,0 mil unidades. Entre 6 e 10 anos era 16%, com 349,0 caminhões (em 2022 era 19,5%). Entre 11 e 15 anos era 29,7%, com 649,0 veículos (em 2022 era 28,9%). Entre os caminhões de 16 a 20 anos, está a fatia de 18,0%, com 392,7 mil veículos (em 2022 era 16,1%), e 12,8% do total, 279,7 mil veículos possuem mais de 20 anos (em 2022 era 12,6%).

 

O Sindipeças ressalta também que o encarecimento do valor do veículo devido à incorporação de novas tecnologias, seja por itens de segurança ou energia limpa, além das altas taxas de juros, nível elevado de inadimplência, dificuldade de obtenção de crédito e desvalorização cambial não oferecem um cenário propício para alterar essa realidade. “Transformar o cenário automotivo no Brasil, impulsionando-o para posições mais altas no ranking automotivo mundial, seja em vendas, seja em produção, exige estabilidade macroeconômica a médio e longo prazo, aliada à implementações de políticas públicas que incentivem a renovação da frota circulante e, consequentemente, garantam um trânsito mais sustentável, do ponto de vista de segurança veicular e ambiental.”

 

Comerciais leves

 

Os veículos comerciais de baixa tonelagem somaram 6,1 milhões de unidades em 2023, repetindo a margem de crescimento de 2,5% observada no ano anterior (22/21). Desse total, 30,9% apresentavam idade média de até 5 anos (2022: 31,1%), representando 1,9 milhão de veículos; 27,4% com idade entre 6 e 10 anos de uso da frota de comerciais leves (2022:30,4%), num total de 1,7 milhão de unidades; 32,5% de comerciais leves se enquadravam no intervalo de 11 a 5 anos (2022: 30,4%), 2,0 milhões; 7,9% estão entre 16 e 20 anos (2022: 6,6%), 486,7 mil veículos; e 1,3% possuía idade média de mais de 20 anos (2022: 1,4%), 78,9 mil.

 

Considerando-se os últimos 10 anos, a diminuição da participação dos veículos comerciais novos (entre 0 e 5 anos) estacionou em 2019 e apresentou pequeno aumento nos anos subsequentes, muito por conta da influência do período de pandemia, que trouxe mudança significativa nos hábitos da população e criou relevância nos serviços de delivery dos mais variados produtos. De outra parte, o percentual de veículos de 6 a 10 anos tiveram crescimento até 2019 e queda a partir desse ano. Os demais intervalos, que contêm os carros mais antigos, apresentaram crescimento na série histórica.

 

Distribuição da frota

 

Segundo o Sindipeças, mais de 82,0% dos veículos em circulação se concentram em dez estados da Federação. Nas cinco primeiras posições, estão os estados das regiões Sudeste e Sul, sendo 28,5% em São Paulo; 14,4% em Minas Gerais; 7,5% no Paraná; 6,8% no Rio de Janeiro e 6,3% no Rio Grande do Sul. Esse grupo compreendia 63,6% da frota existente em 2023, destacando-se a posição dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

 

Da sexta à decima posição, excetuando-se Santa Catarina, estão unidades da Federação localizadas nas regiões Nordeste e Centro-Oeste: Santa Catarina, 5,4% do total; Bahia, 3,9%; Goiás, 3,4%; Distrito Federal, 2,9% e Pernambuco, 2,9%. Em 2023, esse grupo representou 18,6% da frota total do país − percentual menor do que aquele levantado para os cinco principais Estados.

 

Automóveis

 

A partir de 2019, a frota de automóveis alcançou o patamar de 38 milhões e cresceu por volta de 100 mil unidades a cada ano, totalizando 38,4 milhões de unidades em 2023 e permaneceu como a categoria mais expressiva, representando 81,5% do total de autoveículos em circulação no país em 2023, com aumento de 0,2% sobre 2022 (38,33 milhões de unidades), evidência marcada por nítido envelhecimento.

 

Desse total, a idade média de 21,3% foi de até 5 anos (22,7% em 2022), faixa representada por 8, milhões de veículos; 24,3% com idade entre 6 e 10 anos (26,5% em 2022), com 9,3 milhões; 31,2% com 11 a 15 anos (29,8% em 2022), com 12,0 milhões representou o intervalo mais expressivo; 17,5% de 16 a 20 anos (15,3% em 2022), com 6,7 milhões; e 5,7% com mais de 20 anos (5,7% em 2022), 2,2 milhões.

 

Habitantes por veículo

 

De acordo com o levantamento do Sindipeças, a relação entre a população residente e a frota circulante no país manteve-se em 4,3 habitantes por veículo em 2022, após revisão das informações com a divulgação do Censo 2022. O índice prosseguiu abaixo da relação observada no início da década passada.

 

A estagnação da produção de autoveículos desde 2016, excetuando-se o ano de 2019, quando se computaram quase 3,0 milhões de unidades produzidas, explica em boa medida o resultado verificado. Ao se comparar a População Economicamente Ativa (PEA) com a frota em circulação, nota-se que há 10 anos essa relação está estagnada no mesmo patamar. A mesma, que era de 3,1 em 2010, alcançou 2,3 habitantes economicamente ativos por veículo em 2023, indicador bem distante daqueles estimados para os maiores mercados automotivos do mundo. (Transporte Moderno/Sonia Moraes)