Volkswagen Virtus TSI, o único sedã turbo manual do Brasil

Auto Esporte

 

Um antigo comercial da empresa de biscoitos Tostines perguntava ao público se os produtos da empresa vendiam muito porque eram fresquinhos ou se eram fresquinhos porque vendiam muito. Trazendo essa comparação para o mundo dos carros, chegamos ao Volkswagen Virtus TSI, o único sedã compacto com motor turbo e câmbio manual à venda no Brasil atualmente.

 

O Volkswagen Virtus TSI manual 2024 está sozinho nessa fatia do mercado porque o público rejeita os manuais? Ou seria a falta de ofertas no segmento que obriga a clientela a migrar para os automáticos? É o que tentaremos responder neste teste, além de contar como anda o três-volumes.

 

A depender do preço, é bem possível que a rejeição venha pelo fato de a única opção disponível custar R$ 109.990. Nesse patamar, ele fica exatamente entre o Chevrolet Onix Plus Turbo AT (R$ 106.560) e o Hyundai HB20S Comfort Plus (R$ 113.390), ambos já equipados com câmbio automático de seis marchas e motor turbo na mesma faixa de potência.

 

Ok, sigamos adiante na nossa análise. Você pode argumentar que parte do público que gosta de dirigir um carro manual não vai se importar de dispensar o câmbio automático em nome de alguma emoção ao volante.

 

Talvez a Volkswagen tenha mantido essa combinação para o Virtus 2024 justamente pensando nessas pessoas. Antes da reestilização, o 1.0 TSI era combinado apenas com a caixa automática de seis marchas.

 

Antes da reestilização, quem queria um Virtus com câmbio manual era obrigado a escolher o agora aposentado motor 1.6 MSI aspirado. A caixa MQ200 de cinco marchas é a mesma, uma velha conhecida dos brasileiros. Produzida na Argentina, equipa não só o sedã como também Polo e Saveiro, além dos finados Gol, Voyage, Fox e Up!.

 

Tem os característicos engates curtos e muito precisos, aproveitando bem cada um dos 16,8 kgfm de torque extraídos do motor 1.0 12V turbo flex de três cilindros com injeção direta. Uma ressalva: tentar antecipar as trocas para economizar combustível pode ocasionar uma momentânea falta de força, ainda que todo o torque seja entregue a razoáveis 1.750 rpm.

 

Quando o motor enche, o sedã de 1.161 kg deslancha e vai assim até a faixa vermelha do conta-giros, posicionada nas 6 mil rpm. Na pista do Rota 127 Campo de Provas, o Virtus TSI manual levou 10,8 segundos para ir de 0 a 100 km/h. Os 12 cv e 3,6 kgfm extras da configuração 200 TSI fizeram falta.

 

Novamente trazendo como referência os rivais automáticos, na mesma prova o HB20S precisou de 9,4 s e o Onix Plus, de 9,7 s. Direção e suspensão parecem mais ajustadas para o conforto do que no irmão Polo. Os pneus de perfil alto (195/65) calçam rodas de 15 polegadas. Visualmente, podem não agradar, mas cumprem bem a função de filtrar irregularidades do solo.

 

As rodas pequenas (e todo o pacote de equipamentos) entregam que o Virtus TSI é uma versão de entrada. Apesar de ostentar belos faróis de LED (herdados do Nivus), o para-choque dianteiro é simples e não traz luzes de neblina. Para manobrar, os sensores traseiros ajudam a evitar esbarrões, mas faz falta uma câmera de ré em um sedã com 4,56 m de comprimento.

 

Na cabine, mais contrastes. De um lado, quadro de instrumentos digital e carregador de celular por indução. Do outro, bancos dianteiros com encostos fixos e tecido de confecção simples. O acabamento carece de capricho. Quando mudou o visual do Virtus, em 2023, a Volkswagen até trouxe diferentes texturas para os apliques do painel. Mas as portas seguem com material pobre.

 

Pior para quem viaja atrás, que nem sequer tem a faixa de tecido no apoio dos braços. Pelo menos não falta espaço. O entre-eixos de 2,65 m se destaca como o maior da categoria. O porta-malas de 521 litros quase consegue repetir esse feito, mas perde por pouco para os 525 l do Fiat Cronos.

 

Fecham a lista de equipamentos: ar-condicionado, direção elétrica, controlador de velocidade, portas USB-C e central multimídia de 6,5 polegadas com conexões Android Auto e Apple CarPlay (com fio). Por R$ 1.570 extras, o comprador pode trocar o sistema pela moderna VW Play, com tela de 10 polegadas, projeção de celulares sem fio e outros recursos adicionais. Aí, o preço salta para R$ 111.560.

 

Com ou sem o opcional, o valor parece elevado, principalmente em um cenário repleto de outros sedãs (turbinados ou não) já automáticos e com preços parecidos.

 

O mais surpreendente é que a versão TSI manual representa significativos 25% das vendas do Virtus, de acordo com a consultoria Jato. Talvez a resposta para a pergunta do início do texto seja que a migração para os sedãs automáticos só é tão grande por falta de opções. Então, a última bolacha do pacote acaba sendo a mais saborosa.

 

Volkswagen Virtus TSI manual – Prós e contras

 

Pontos positivos: espaço interno; engates do câmbio; equilíbrio entre desempenho e consumo.

Pontos negativos: Nível de acabamento; lista de equipamentos acanhada; preço elevado. (Auto Esporte)