Frota & Cia
Com fábrica instalada em Vieremä, no norte da Savônia, na Finlândia e perto da fronteira com a Rússia, a Ponsse é uma das principais fabricantes de máquinas florestais do mundo. Na América do Sul, a marca possui atuações consistentes no Brasil, onde está presente há 18 anos como importadora, bem como no Chile e no Uruguai.
No Brasil, a Ponsse opera com uma estrutura mista e descentralizada, que inclui escritórios próprios, distribuidores e, ainda, a presença na propriedade de clientes. A subsidiária é a Ponsse Latin America, responsável por conduzir toda a operação nacional, que contempla cinco unidades instaladas em clientes presentes em Telemaco Borba (PR), Lençóis Paulista (SP), Belo Oriente (MG), Mogi das Cruzes (SP) e Eunápolis (BA). Atualmente, a empresa conta com, aproximadamente, 500 colaboradores, sendo a maior parte formada por mecânicos com diferentes especialidades.
A Ponsse também é representada por dois grupos concessionários, incluindo a Timber Forest, que abrange toda a região Sul do Brasil, e a Sotreq, que atua no Sudeste e algumas praças das regiões Nordeste e Norte. Dessa forma, a marca consegue estar presente nos principais mercados brasileiros do segmento florestal.
A presença nos clientes finais se dá por meio de contratos fixos de manutenção, que contemplam os serviços preventivos e corretivos, bem como a gestão de estoque de peças e lubrificantes para as máquinas florestais, diretamente, em almoxarifados próprios nesses lugares. Há, também, os casos em que uma unidade móvel se desloca para atendimentos in loco.
O estoque de peças é gerenciado sob demanda por cada operação, que responde pelas compras dos itens na fábrica finlandesa. “Porém, diante de alguma emergência, é possível fazer transferência entre as unidades”, ressalta Rodrigo Marangoni, gerente Executivo Comercial e de Marketing da Ponsse Brasil.
Operação das máquinas
São duas linhas de produtos que a Ponsse disponibiliza para a colheita florestal, sendo elas chamadas de Harvesters (colheitadeiras) e Forwarders (despachantes), respectivamente responsáveis pela extração das árvores e seu transporte dentro das fazendas. “As madeiras são extraídas e colocadas para descansar de 30 a 70 dias, permitindo que ela perca um pouco de sua umidade para ter um ganho logístico no transporte rodoviário”, explica Marangoni. “Existem algumas exceções, por exemplo, em que há uma unidade de produção de carvão dentro de uma Fazenda Florestal. Nesses casos, o Forwarder pode levar a madeira direto até a área dos fornos”, completa.
A linha de colheitadeiras é capaz de remover a casca da árvore e cortar nos comprimentos desejados, empilhando-as no chão. Após este trabalho é quando o Forwarder, por meio de sua grua, carrega a caixa de carga para fazer o transporte da madeira para algum pátio de armazenagem ou diretamente para os caminhões.
Eficiência energética
Esse tipo de maquinário atende uma legislação vigente ainda equivalente ao Euro III, atualmente. “Hoje, somente Brasil, Uruguai e África do Sul aceitam esse tipo de motorização entre os mais de 40 países em que a Ponsse está presente. Fato curioso é que, mesmo sem exigência, o mercado uruguaio já caminha para a transição para máquinas equipados com propulsores Euro V”, destaca Marangoni.
Depois de três anos de pesquisa e desenvolvimento, em 2022, a Ponsse apresentou ao mercado global o modelo a sua primeira máquina florestal elétrica, um Forwarder de 15 toneladas. O Ponsse EV1, desenvolvido com a sua subsidiária de tecnologia Epec, ainda não tem prazo para o início de sua comercialização.
Ponsse EV1
A máquina conceito apresenta um trem de força totalmente eletrificado, bem como a unidade de distribuição de energia elétrica e unidade híbrida de controle da Epec. O trem de força da máquina opera, integralmente, com energia fornecida por baterias que podem ser recarregadas a partir de um extensor de alcance que, em seu atual estágio, é um motor de combustão. Os testes e o desenvolvimento estão avançando continuamente.
O sistema Epec Flow é baseado na Unidade de Distribuição de Energia, que permite a conexão de motores elétricos, baterias e vários dispositivos. A Unidade Híbrida de Controle controla o trem de força elétrico e inclui um software desenvolvido através de simulações, proporcionando excelente consumo de energia, produtividade e usabilidade.
Automação das máquinas
“Nós acreditamos que um dia chegaremos nesse estágio de automação completa da máquina florestal. A gente vem trabalhando, desde 2016, nessa direção com o que a gente chama de assistências ao operador. Estamos incrementando os equipamentos passo a passo e essa automação de alguns movimentos e decisões tornarão a operação florestal mais segura e eficiente. Porém, apesar de ser um ambiente supostamente fechado, ele não é tão isolado como o de uma mineração e o cultivo de madeira, eventualmente, divide espaços com outras culturas e as máquinas podem trafegar por vias específicas de fluxo regional e, por isso, precisamos aguardar um estágio de desenvolvimento muito mais avançado”, analisa Rodrigo Marangoni, gerente Executivo Comercial e de Marketing da Ponsse Brasil
Um avanço tecnológico prático, segundo o executivo, é a grua autônoma no Forwarder, que pode fazer o carregamento da caixa de carga de forma independente e reduzindo a fadiga do operador. As colheitadeiras, por sua vez, possuem funções como o corte da árvore no solo e, posteriormente, o corte do comprimento no tamanho desejado.
“Evoluir para uma máquina 100% autônoma demandará sistemas capazes de mapear as árvores e identificar qual deve ser cortada por meio de inteligência artificial. É possível que o sistema também informe uma central de comandos para que o engenheiro ambiental tome essa decisão”, diz o executivo.
A força do Brasil
“O mercado nacional deve despontar como um dos maiores, senão o mais importante nos negócios da Ponsse em todo o planeta. Pesam a favor do nosso país o clima, a qualidade do solo, sua dimensão continental e o desenvolvimento tecnológico e dos negócios das empresas instaladas aqui. Dessa forma, com processos mais eficientes, a produtividade do setor florestal poderá aumentar substancialmente no Brasil”, analisa Marangoni.
Atualmente, os mercados líderes da Ponsse no mundo são a Finlândia e Suécia, na Escandinávia, que absorvem mais de 600 máquinas sobre pneus por ano. No Brasil, as vendas chegam a cerca de 100 unidades por ano. A Alemanha e a América do Norte também são consideradas regiões significativas para os negócios da empresa.
Em 2023, a Ponsse atingiu um faturamento global de € 800 milhões, sendo que a região Américas responde por 25% deste total e o Brasil é o maior mercado do continente. A maioria dos clientes nacionais da finlandesa atuam no segmento de celulose, que devem puxar um crescimento de até 10% da Ponsse em 2024.
Atualizações dos produtos
As máquinas florestais da Ponsse são atualizadas, naturalmente, a cada nova solução desenvolvida, sem a necessidade de transformar essas evoluções em novos lançamentos de modelos e versões. Portanto, os clientes da marca sempre operam com as tecnologias mais modernas disponíveis no portfólio global da marca, com exceção da geração dos motores, que varia de acordo com cada mercado e apresentam variações de preços mais significativas.
“A gente não coleciona melhorias para o equipamento. Isso faz com que tenhamos um lado muito positivo que é aplicar as novidades nos equipamentos mesmo sem ter novas versões oficialmente. A modificação é aplicada na primeira máquina possível na linha de produção, o que faz com que cada um dos nossos equipamentos tenha um manual específico”, revela Marangoni. “A cada quatro anos, em média, é apresentada uma grande novidade ao mercado global da Ponsse”, complementa.
Telemetria integrada
A gestão de frota pode ser extremamente complexa por meio de sistemas distintos de telemetria oferecidos por montadoras diferentes, bem como por uma frota diversa, que além dos caminhões pode incluir tratores, máquinas de mineração e as máquinas florestais simultaneamente.
“Ver todas essas informações em várias plataformas, ao mesmo tempo, é uma tarefa improdutiva. Por isso, a partir desta necessidade verificada com os clientes brasileiros, a Ponsse desenvolveu um sistema de telemetria padrão para um perfil de frota altamente diversificado. A solução foi apresentada ao mercado em 2022 ao mercado com o nome de Multifleet by Ponsse”, destaca Éllen Bianchi, consultora de Marketing da Ponsse. “É uma solução bastante interessante, porque se facilita essa questão da gestão por meio de uma plataforma aberta para qualquer tipo de cliente e qualquer tipo de produto”, conclui. (Frota & Cia/Gustavo Queiroz)