‘Prévia do PIB’, indicador do Banco Central tem alta de 2,45% em 2023

O Estado de S. Paulo

 

A economia brasileira avançou 2,45% em 2023, de acordo com o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), conhecido como “prévia do Produto Interno Bruto (PIB)”. De acordo com o BC, houve uma expansão de 0,82% da economia em dezembro, na série livre de efeitos sazonais. O IBC-Br serve como um parâmetro antecedente para avaliar o ritmo da economia ao longo dos meses.

 

A expansão anual de 2,45% do indicador ficou acima da mediana das expectativas coletadas pelo Projeções Estadão/Broadcast, de avanço de 2,3% – o intervalo varia de alta de 2,2% a 3%. A projeção atual do Banco Central para a economia em 2023 é de crescimento de 3%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro. A equipe econômica do Ministério da Fazenda também projeta expansão de 3% para o PIB no ano passado.

 

Com o dado de dezembro, no último trimestre do ano passado, o indicador do BC avançou 0,22% ante o terceiro trimestre, e 1,8% na comparação anual, já com ajuste sazonal.

 

“A atividade econômica brasileira ganhou tração nos últimos meses (de 2023), impulsionada principalmente pelo consumo das famílias”, disse o economista da XP Rodolfo Margato. “A nosso ver, a solidez do mercado de trabalho e a melhoria gradual das condições de crédito continuarão a sustentar a demanda interna neste ano.”

 

Revisão para cima

 

Na publicação de ontem, o BC revisou os últimos dados do IBC-Br na margem: para novembro, o indicador passou de +0,01% para +0,09%; o resultado de outubro subiu de -0,18% para +0,05%, enquanto o de setembro passou de -0,03% para +0,03%.

 

O crescimento de 0,82% do indicador em dezembro ante novembro, ligeiramente acima da expectativa do mercado, associado a essa revisão na série histórica, melhorou a expectativa para 2024, significando um impulso favorável à expansão do PIB no ano, avalia o economista Hélcio Takeda, da Pezco. Segundo ele, isso traz um viés de alta à sua projeção de crescimento da economia para este ano, de 2%.

 

“Dá impressão de que estamos caminhando para a recuperação da atividade econômica, embora não vejamos um crescimento que supere o de 2023”, disse o economista, salientando que os dados divulgados ontem divergiram do cenário da Pezco para o quarto trimestre do ano passado.

 

A instituição via uma queda de 0,15% e o resultado foi de crescimento de 0,22%. Com isso, o economista ajustou a projeção para o PIB do quarto trimestre de 2023, de alta de 0,20% para 0,30%. Para 2023, a projeção segue de crescimento de 3,2% para o PIB.

 

Estabilidade

 

Para o economista-chefe do banco BMG, Flavio Serrano, o crescimento de 0,82% do IBC-Br em dezembro e as revisões para cima nos meses anteriores não mudam o fato de que a economia brasileira ficou praticamente estável ao longo do segundo semestre de 2023.

 

“Em função desse crescimento na margem em dezembro, havia uma melhor expectativa para o primeiro trimestre de 2024, mas os dados de atividade de janeiro até aqui parecem indicar que essa alta de dezembro vai ser devolvida em seguida”, disse Serrano.

 

A projeção do BMG, por ora, é de crescimento de 0,2% para o PIB do primeiro trimestre de 2024. No cenário do banco, uma recuperação mais consistente da atividade doméstica deverá acontecer somente a partir da passagem do segundo para o terceiro trimestre, à medida que houver melhora nas condições financeiras e de crédito.

 

‘Distantes do normal’

 

Economista-chefe para América Latina da consultoria britânica Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia diz que o IBCBr de dezembro indica um desempenho ainda positivo da economia no quarto trimestre, o que abre caminho para que a atividade melhore ao longo da primeira metade deste ano, amparada pela inflação baixa, pelo mercado de trabalho relativamente resiliente e por melhores condições para as principais exportações do Brasil.

 

Apesar disso, ele destaca que os dados disponíveis de indicadores deste início de ano apontam para um desempenho mais fraco da atividade no curtíssimo prazo. “As condições estão distantes do normal e uma normalização adicional da política monetária será necessária”, afirmou Abadia. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues)