O Estado de S. Paulo
Outras cidades paulistas, como Campinas e São José dos Campos, e capitais de outros Estados, como Curitiba (PR), Salvador (BA) e Vitória (ES) também estão iniciando projetos de descarbonização dos transportes públicos para atender metas ambientais para os próximos anos.
Mas, na opinião de Marcello Schneider, diretor institucional da chinesa BYD, o País precisa de uma política nacional para o transporte público. “Há morosidade nos processos, que são muito dependentes do setor público e de financiamentos, pois o investimento inicial em elétricos é alto”. Um ônibus com essa tecnologia custa na faixa de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões, ante R$ 700 mil a R$ 900 mil da versão a diesel.
Apesar disso, a demanda tem movimentado o mercado. A Mercedes-Benz iniciou em novembro de 2022 a produção de chassis para elétricos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e 25 deles estão nesse primeiro lote, que receberam sistemas elétricos da Eletra e carrocerias da Caio. Outros 25 têm chassi da Scania.
O grupo também tem um projeto próprio, o ônibus e500U, com chassi desenvolvido localmente. Mike Munhato, gerente de Mobilidade Elétrica na Mercedes-Benz, afirma que mais de 600 funcionários foram capacitados para atuar na linha de produção. “Esses ônibus usam motor e baterias elétricas de 600 volts e um manuseio errado pode resultar em doenças e até óbito.”
Nova instalação
Também com fábrica no ABC paulista, a Eletra inaugurou em junho novas instalações com capacidade para preparar 1,8 mil ônibus ao ano. Com um turno de trabalho a mais, pode aumentar o volume em 50%.
A Volvo inicia no fim deste mês testes de seu ônibus elétrico em São Paulo, o BZL que, inicialmente, usa chassi importado da matriz na Suécia. A montadora já tem parte da verba de R$ 1,5 bilhão do pacote de investimentos entre 2022 e 2025 comprometida com o início do processo de eletrificação de seus produtos no fim de 2024, informa Alexandre Selski, diretor de eletromobilidade da empresa.
A companhia também faz testes com seu ônibus elétrico em Curitiba (PR), onde está sua fábrica, além de Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia). A Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pelo gerenciamento do transporte na cidade, informa que a meta é ter 33% de sua frota, de 1,1 mil veículos, com zero emissões até 2030, e 100% até 2050.
Até junho do próximo ano serão integrados à frota de Curitiba 70 ônibus elétricos. Além da Volvo, a BYD, Eletra e Marcopolo testam veículos na capital paranaense. A Marcopolo também aguarda a homologação para oferecer seu ônibus Attivi em São Paulo.
A companhia terá capacidade para produzir 1 mil ônibus por ano em Caxias do Sul (RS) a partir de 2024 e tem 130 unidades sendo testadas em várias cidades. Já a Volkswagen Caminhões e Ônibus se prepara para entrar nesse mercado em 2024, com seu e-Volksbus, feito em Resende (RJ).
No último dia 19, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 2,5 bilhões para projeto de eletrificação em São Paulo. Segundo o banco, com esse dinheiro será possível adquirir entre 1 mil e 1,3 mil ônibus. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)