Demanda por ônibus elétricos estimula o setor automotivo

O Estado de S. Paulo

 

A Prefeitura de São Paulo quer colocar em operação 2,6 mil ônibus elétricos, de uma frota de 11,9 mil veículos, até o fim do ano que vem. O projeto já movimenta empresas do setor automotivo, que anunciaram contratações e investimentos para aumentar a capacidade produtiva. A chinesa BYD, por exemplo, vai ampliar a fábrica em Campinas, mas outras companhias, como Mercedes-Benz, Scania, Caio e Eletra, também projetam mudanças para atender à demanda. Os novos ônibus não emitem CO2, mas podem custar até R$ 3 milhões, o triplo dos convencionais, movidos a diesel. Os veículos inicialmente previstos para São Paulo devem reduzir em 275,6 mil toneladas o volume de dióxido de carbono despejado no ar por ano. Outras cidades, como Salvador, Curitiba e São José dos Campos, também estão iniciando projetos de descarbonização de suas frotas.

 

O projeto da Prefeitura de São Paulo de ter 2,6 mil ônibus elétricos em circulação na cidade até o fim de 2024 movimenta empresas do segmento para abocanhar parte do projeto. Algumas estão ampliando a capacidade produtiva, anunciaram contratações e investimentos para produção local.

 

Os novos ônibus não emitem CO2 e substituirão 20% da frota a diesel que fazem o transporte público hoje, mas custam o triplo. Outras cidades do País também estão testando veículos elétricos para modernizar suas frotas.

 

São Paulo já recebeu 50 ônibus elétricos em setembro, fruto de parcerias entre Eletra, responsável pelos sistemas elétricos de tração e integração, Mercedes-Benz e Scania (chassis) e Caio (carrocerias). A previsão inicial era de 1 mil unidades neste ano, mas a maior parte deve ficar para 2024. Um dos motivos pode ser a falta de componentes enfrentada, por exemplo, pela Caio.

 

A fábrica da BYD, em Campinas (SP), fornecerá 400 chassis de elétricos para a capital paulista e está em obras para elevar a capacidade produtiva, principalmente com a aquisição de equipamentos e novo layout do prédio. Nos últimos três anos a montadora já forneceu 19 ônibus a bateria para operadores do transporte público em São Paulo, feitos com carrocerias da Marcopolo.

 

Para dar conta da nova demanda, que deve crescer no próximo ano, o número de funcionários na empresa passará de 60 para 150 até dezembro. “É uma quebra de paradigma trocar ônibus a diesel por elétrico”, diz Marcello Schneider, diretor institucional da BYD. Segundo ele, inicialmente havia “forças contrárias do mercado tradicional que queriam postergar o processo”.

 

O grupo chinês iniciou operações no País em 2016 e hoje há 100 ônibus elétricos com seus chassis rodando em Estados como São Paulo, Fortaleza, Pará, Paraná e Distrito Federal. Em 2024, a BYD também vai começar a produzir automóveis elétricos na Bahia.

 

As células das baterias para os ônibus vêm da matriz da BYD na China para a filial de Manaus (AM), onde são montados os módulos, e depois seguem para Campinas, onde é feita a confecção dos packs – pacotes que agregam vários módulos em “caixas” que equiparão os veículos. A intenção do grupo é nacionalizar componentes no futuro.

 

Benefício Novos ônibus não emitem dióxido de carbono, mas custam o triplo da frota movida a diesel

 

Vantagem

 

A frota de São Paulo tem 11,9 mil ônibus, sendo 69 movidos a bateria interna e 201 trólebus (movidos a eletricidade por meio de cabos conectados a uma rede aérea). Cada ônibus a diesel emite cerca de 106 toneladas de CO2 por ano. Os 2,6 mil ônibus elétricos reduzirão em 275,6 mil toneladas de CO2 por ano. A capital paulista emite cerca de 11,6 milhões de toneladas de poluentes por ano. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)