Agrishow projeta negócios acima dos R$ 11,2 bilhões do ano passado

Portal da Autopeças/Globo Rural

 

Chuvas regulares sem a influência do La Niña, preço de defensivos e de fretes em queda, relação de troca mais favorável ao agricultor do que no ano passado, produtor capitalizado e precisando investir em máquinas para aumento de área e de produção. Baseado nesse cenário, os organizadores da 28ª Agrishow, que se realiza de 1º a 5 de maio em Ribeirão Preto (SP), não fazem uma estimativa, mas esperam uma geração de negócios superior ao do ano passado, que somou R$ 11,243 bilhões entre os segmentos de máquinas agrícolas, de irrigação e de armazenagem.

 

“Essa é a quarta grande feira do ano, mas nada se compara à Agrishow”, disse João Carlos Marchesan, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na coletiva realizada nesta quarta-feira (5/4), em Ribeirão Preto. Ele se referia às novas tecnologias apresentadas na feira que é uma das maiores a céu aberto do mundo, aos 800 expositores nacionais e internacionais deste ano e aos 190 mil visitantes esperados.

 

Juntas, as grandes feiras já realizadas neste ano (Show Rural Coopavel, Expodireto Cotrijal, Show Safra e Tecnoshow Comigo) anunciaram faturamentos recordes que, somados, passam de R$ 32 bilhões. Segundo Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), esses números são estimativas e devem incluir também a venda de insumos.

 

Segundo ele, o Show Rural Coopavel, por exemplo, anunciou R$ 5 bilhões em geração de negócios, uma alta de 56% em relação aos R$ 3,2 bilhões de 2022. Mas a comercialização de máquinas teve aumento de apenas 4%.

 

Os números da Abimaq apontam que o setor de máquinas agrícolas fechou 2022 com vendas de R$ 90 bilhões, sendo R$ 10 bilhões de exportações. De novembro a fevereiro deste ano houve queda de 20%. Também houve recuo de 17% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior.

 

“A taxa de juros está muito alta, a janela de investimentos é muito ruim neste momento. Falta crédito e muitos produtores estão aguardando os recursos do novo Plano Safra ou da complementação do plano em vigor”, disse Estevão, acrescentando que os grandes produtores não deixam de comprar equipamentos porque precisam aumentar a área.

 

Para o novo Plano Safra, que começa a vigorar em julho, o setor de máquinas agrícolas reivindicou ao governo linhas de crédito de R$ 45 bilhões, sendo R$ 34 bilhões para o Moderfrota e R$ 11 bilhões para o Pronaf.

 

Linha de crédito em dólar

 

Sobre a proposta do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, de criar linhas de crédito rural em dólar pelo Plano Safra para produtores de médio a grande porte, o presidente da CSMIA, disse que só o produtor que faz hedge pode se beneficiar com isso. “Para quem não tem hedge, é bem perigoso porque o dólar pode subir e o produtor ficar com uma dívida enorme.”

 

Sobre as recentes invasões de terras, o presidente da Agrishow, Francisco Matturro, disse que esse assunto não deve impactar nem ter espaço na feira. “A gente não quer discutir invasão de terra e sim o direito de propriedade que está na lei. Se não pode invadir o Palácio do Planalto é porque temos uma legislação e ela vale também para as propriedades agrícolas.”

 

Neste ano, não está prevista a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à feira. Em 2022, na retomada da feira presencial, o então presidente Jair Bolsonaro foi recebido na abertura. Maurilio Biagi, empresário do setor sucroenergético e presidente de honra da feira, abriu muitas portas para Lula na região no primeiro mandato do petista, mas agora admite que a relação mudou.

 

“O Lula de hoje é diferente do primeiro mandato e eu também sou. Não estamos mais próximos.”

 

Estrutura

 

Em relação à estrutura para a feira, a direção da Agrishow alterou o horário de abertura de 8h para 9h, para tentar reduzir o congestionamento na rodovia que dá acesso ao parque. Também aumentou para três os estacionamentos, separando visitantes, expositores e caravanas, na busca de uma logística de trânsito melhor na região.

 

Além disso, hoteis que ficam a cerca de 10 quilômetros do local do evento vão concentrar estacionamentos para a feira com transfer. Neste ano, o visitante também pode comprar o tíquete de estacionamento junto com o ingresso online. (Portal da Autopeças/Globo Rural/Eliane Silva)