País abre 278,6 mil postos de trabalho formais em agosto

O Estado de S. Paulo

 

O mercado de trabalho com carteira assinada registrou um saldo positivo de 278.639 vagas em agosto, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Como comparação, em agosto do ano passado haviam sido abertos 388.267 postos.

 

No acumulado de janeiro a agosto, o saldo do Caged é positivo em 1,853 milhão de vagas, ante 2,173 milhões no mesmo período do ano passado. De acordo com os números do Ministério do Trabalho, o desempenho foi novamente puxado pelo setor de serviços, com a criação de 141.113 postos formais. Em seguida, veio a indústria, que abriu 52.760 vagas. Já o comércio teve saldo positivo de 41.886 vagas em agosto, enquanto houve um saldo de 35.156 contratações na construção. Na agropecuária, foram criadas 7.724 vagas no mês.

 

O ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, destacou o desempenho do setor industrial. “O aumento do emprego na indústria contribui para elevar a média de salários, porque a indústria demanda empregos mais qualificados”, acrescentou.

 

O salário médio de admissão nos empregos com carteira subiu de R$ 1.920,57, em julho, para R$ 1.949,84 em agosto. Em agosto do ano passado, estava em R$ 1.951,30.

 

Já o secretário do Trabalho e Previdência do Ministério do Trabalho, Mauro de Souza, disse que o saldo positivo de 1,853 milhão de empregos no ano indica uma estabilidade na geração de empregos depois do boom de 2021 – por conta da retomada de contratações depois da crise gerada pela pandemia do coronavírus.

 

“No ano de 2021, estávamos retomando após a pandemia, sabíamos que não teríamos os mesmos números, mas temos agora um cenário estável e positivo”, completou.

 

Desaceleração

 

Para o economista da LCA Consultores Bruno Imaizumi, o resultado do Caged de agosto é positivo, mas há a possibilidade de perda de fôlego na geração de vagas a partir de setembro. “A desaceleração deve ficar mais evidente a partir do quarto trimestre, com o aperto dos juros elevados na atividade econômica. Devemos acompanhar uma desaceleração, que deve seguir também em 2023”, afirmou.

 

O economista da XP Investimentos Rodolfo Margato também avalia que a criação de vagas “continuará em trajetória ascendente nos próximos meses, embora em ritmo de crescimento mais moderado”.

 

Apesar do aumento na ocupação, Imaizumi pondera que a recuperação de vagas criadas não acompanha a melhora de renda da população. “A qualidade da ocupação tem diminuído, apesar da quantidade ter aumentado. Além disso, o trabalho ficou mais barato na pandemia porque muitas pessoas migraram para a informalidade. Temos uma recomposição no trabalho formal pós-crise que é mais barata”, disse ele. (O Estado de S. Paulo/Lorenna Rodrigues)