Jornal do Carro
Após ficar os últimos cinco meses sem produzir carros na Rússia, a Toyota anunciou o fechamento da fábrica de São Petersburgo. A paralisação teve início em março, quando Estados Unidos, Europa e Japão impuseram sanções contra o país do presidente Vladmir Putin, logo depois da invasão da Ucrânia. Desde então, a montadora ficou sem poder importar componentes para a montagem dos modelos Camry e RAV4, que tinham produção local.
Além de não poder importar peças e motores, a Toyota ficou impedida de fazer movimentações financeiras em dólar, euro e iene, tendo sua operação russa “congelada”. Outro fator que agravou a situação foi a escassez de chips eletrônicos, um problema global que persiste e só deve ser solucionado a partir do segundo semestre de 2023. Por tudo isso, a Toyota decidiu pelo fim da produção no país, e colocará sua fábrica à venda.
Entretanto, a japonesa não permitirá que o futuro comprador da fábrica de São Petersburgo produza modelos da marca. Conforme declarou um porta-voz da Toyota, “caso seja vendida, a fábrica não construirá versões rebatizadas do Camry e do RAV4”. Assim, a fabricante venderá apenas as instalações, sem o ferramental e as patentes. Com a decisão, a montadora passará a ser uma importadora, tal como Ford e Mercedes-Benz no Brasil.
Reestruturação
A Toyota emprega cerca de 2.350 pessoas na Rússia, e o fechamento da fábrica naturalmente vai forçar um corte no quadro de funcionários. A estimativa da montadora é de que cerca de 2.000 profissionais deixem a empresa no processo de reestruturação. Contudo, a marca deverá manter parte dos 450 colaboradores que ficam no escritório na capital Moscou, uma vez que vai manter concessionárias, fornecimento de peças e serviços aos clientes.
No comunicado, a Toyota reforça que dará garantias e todo tipo de suporte aos funcionários que deixarem a empresa. Tal como contamos no Jornal do Carro, essa evasão de fabricantes da Rússia já aparece nos emplacamentos de veículos no país. Em agosto, por exemplo, a marca japonesa entregou só 221 carros, o que representa uma queda de 97% nas vendas. Entretanto, em 2021 a Toyota vendeu 80 mil carros na Rússia.
A japonesa é uma das marcas estrangeiras com menor volume no país. A fábrica de São Petersburgo tem capacidade anual de 100 mil unidades. Mas a Guerra na Ucrânia já dura mais de seis meses e ainda parece distante de um desfecho. Além da Toyota, a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e a Volkswagen fecharam suas fábricas em território russo. A Renault inclusive vendeu sua participação na Avtovaz, montadora local que produz os carros da Lada. (Jornal do Carro/Diogo de Oliveira)