AutoIndústria
A apresentação do eActros LongHaul, cavalo-mecânico 100% elétrico com autonomia para 500 km, no IAA Transportation 2022 não deixa dúvida em relação ao rumo que segue a marca. O modelo, programado para a Europa em 2024, no entanto, é apenas uma das tintas do quadro que começa a ser composto.
Em entrevista à imprensa brasileira no salão alemão de veículos comerciais, em Hanover, Karin Rådström, CEO da Mercedes-Benz Trucks, observou que os tempos atuais são especiais. Ao mesmo que a fabricante investe na eletrificação, inclusive pela rota do hidrogênio, há a discussão em torno do Euro 7, previsto para 2025, como também lembra da transição para o Proconve P8 no Brasil, a partir de janeiro de 2023.
“A vantagem que somos o maior fabricante de caminhões do mundo, o que significa de temos de procurar sinergias por todos os lados. Sobre baterias estamos alinhados com os colegas dos Estados Unidos para que o for usado no eActro também chegue no eCascadia, por exemplo. E, se olharmos para o Brasil, os produtos com emissão zero também estão começando a se desenvolver.”
A executiva, porém, ressaltou que a situação atual se apresenta anormal, em especial com relação ao suprimento de peças e componentes. Karin não enxerga estabilidade de fornecimento nos próximos anos como a indústria estava acostumada.
“O lado positivo nisso é que aprendemos a lidar com o desafio, a planejar ciclos mais curtos. Hoje, priorizamos construir o caminhão, mesmo que não tenhamos todas as peças. Complementamos depois, quando estiverem disponíveis.”
No quadro que já aponta para eletrificação em cenário de escassez de componentes, a Mercedes-Benz também acrescenta mudanças em modelos de negócio. No Brasil, em especial, a empresa prepara reestruturação, como já foi anunciado, que afetará ao menos 3,6 mil trabalhadores com terceirização na operação.
De acordo com a CEO, o mercado de caminhões no Brasil é importante, o maior da Mercedes-Benz atualmente no mundo e deverá continuar sendo assim no futuro. Nos últimos dez anos, no entanto, lembrou Karin, diversos planos foram aplicados para tentar melhorar o desempenho da empresa sem alcançar os resultados desejados.
“O mercado brasileiro é muito cíclico, às vezes muito alto, outras, muito baixo. Queremos estar preparados. Esta é a razão pela qual fizemos o anúncio. O plano de terceirizar é apenas uma parte na transformação do negócio. Não tem a ver com o nosso compromisso com a região.”
Para Achim Puchert, presidente da Mercedes-Benz para caminhões e ônibus no Brasil, a empresa prepara a fábrica para o futuro. Ao mesmo tempo em que trabalha no desenvolvimento de produtos, procura oportunidades de novas fontes de receita, com novos modelos de negócios e de serviços financeiros.
“Nossos clientes querem um fornecedor ágil de veículos e serviços com uma base de custos competitiva. Os itens em foco na mudança estão relacionados à logística, portanto, não são nossas atividades principais, que consideramos necessárias para sermos bem-sucedidos no fornecimento de soluções tecnológicas inovadoras”, resumiu Puchert. (AutoIndústria/Décio Costa)