Frota & Cia
Na busca incessante por combustíveis que agridem cada vez menos o meio-ambiente, principalmente no Brasil, onde a eletrificação ainda barra em uma série de desafios, os biocombustíveis levam a vantagem.
Nesse cenário, a grande batalha é a discussão da melhor alternativa na redução da emissão de poluentes dos veículos e máquinas com motor de combustão interna, pois a qualidade do óleo diesel se apresenta como um obstáculo importante à sua modernização tecnológica.
“Além de dificultar ou mesmo inviabilizar os possíveis ganhos ambientais, isso coloca o Brasil em situação comercial desfavorável, isolando-o frente ao mercado internacional”, afirma Gabriel Murgel Branco, consultor técnico da Afeevas (Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul).
De olho nisso, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) submeteu a Minuta de Resolução 2120631 – SEI/ANP à audiência pública CP 11/2022, em julho no qual propõe a definição de um plano e cronograma de descontinuidade dos óleos diesel S500 para uso rodoviário e S1800 para uso não rodoviário no prazo de até quatro anos, em conjunto com produtores de óleo diesel “A” (sem adição de biodiesel) e importadores.
“Para que a eletrificação produza os efeitos ambientais almejados, é fundamental também que se estimule a atualização tecnológica dos motores dessas usinas para o controle de emissões de última geração”, analisa Elcio Luiz Farah, Diretor Adjunto da Afeevas.
Com isso, os especialistas defendem que a existência de um programa de emissões para equipamentos não rodoviários, em consonância com o novo plano da ANP, permitirá que o Brasil acompanhe os melhores níveis tecnológicos do mercado das máquinas movidas por motores a diesel.
No caso do transporte rodoviário, com vida útil superior a 30 anos, as locomotivas são algumas das máquinas que não possuem leis de controle de emissões no Brasil. Em 2017, a EnvironMentality fez um estudo de impacto ambiental para implantar o trecho do Ferroanel que interliga os ramais que vêm de Jundiaí (SP), do Rio de Janeiro (RJ) e de Santos (SP), com longos trechos em túneis por baixo da Serra da Cantareira.
O local citado é uma reserva ambiental que não pode receber altos índices de gases poluentes. Gabriel explica que o estudo verificou que trens que estão trabalhando no Brasil têm um alto nível de emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) e de material particulado. “Por conta disso, o projeto recomendou o emprego de locomotivas com o padrão de emissões “Tier 4” norte americano para poder ser aprovado e implantado”, conta.
O especialista indica que, globalmente, existem quatro níveis de controles de emissões. Nos Estados Unidos, eles são chamados de Tier 1, Tier 2, Tier 3 e Tier 4. Para que fosse possível o trecho Ferroanel sair do papel, a melhor solução ambiental seria eletrificar o trecho. (Frota & Cia/Victor Fagarassi)