Jornal Cana
Eletromobilidade. Cresce a venda de carros elétricos no Brasil. Dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) apontam que em julho deste ano, o emplacamento de elétricos superou a marca de cem mil veículos. Números colhidos até o dia 27, indicam a venda de 100.292 elétricos, sendo 3.136 somente no mês de julho.
Segundo o presidente da ABVE, Adalberto Maluf, o mercado de eletrificados leves segue em crescimento em 2022, em nítido contraste com a evolução do mercado doméstico total de veículos leves no mesmo período, mantendo uma tendência que se consolidou nos últimos três anos
Enquanto os elétricos e híbridos avançam, o mesmo não acontece com as vendas do mercado doméstico de automóveis e comerciais leves em geral, cujo volume caiu 13% na comparação entre janeiro e julho de 2022 e 2021.
No acumulado de janeiro a julho deste ano foram 23.563 veículos elétricos, contra 17.524 de 2021, uma variação de mais de 34,5% sobre o mesmo período do ano passado. Enquanto o mercado de veículos doméstico, de janeiro a julho deste ano vendeu 1.020.511 contra 1.168.997 do mesmo período do ano passado, uma retração de -13%.
Além dos veículos leves, a venda de caminhões e ônibus elétricos também começam a ganhar corpo, ainda que de forma tímida, nas estatísticas. No primeiro semestre deste ano, já se somam 422 caminhões emplacados no país. Empresas como Marcopolo e Volvo já apresentaram para comercialização, uma nova frota de ônibus eletrificados, que devem ganhar as ruas a partir de 2023.
A Volvo disponibilizará ao país, em 2023, o chassi para modelos urbanos chamado BZL que, apesar de ser uma plataforma global, teve metade do seu processo de desenvolvimento realizado por funcionários brasileiros da fábrica que a empresa mantém em Curitiba – PR.
Os primeiros lotes do chassi, que está no momento em fase de homologação para o mercado local, serão de unidades importadas da Suécia. De acordo com Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Buses América Latina, a produção local do BZL seguirá o mesmo projeto do modelo global, com o piso baixo e pacotes de baterias instalados no teto do veículo.
O chassi é equipado com dois motores de 200kW instalados na parte traseira. Foi projetado para carrocerias de 9 a 13,2 metros de comprimento, com capacidade para transportar até 90 passageiros. No exterior, a montadora emprega o veículo em negócios que envolvem a oferta da energia das baterias.
Adalberto Maluf, destaca que se trata de “mais uma grande montadora mundial apostando nos ônibus elétricos. “Se o Brasil conseguisse criar uma política industrial, pelo menos dar isonomia para a fabricação local, poderíamos ser um grande centro de produção e exportação dos ônibus elétricos”, disse.
O presidente da ABVE também defende a implementação de políticas públicas em favor da eletromobilidade. “Em 2021, 6,6 milhões de veículos elétricos foram comercializados no mundo, o que representa 9% das vendas globais de veículos, e muito em breve deve chegar a 20%. Hoje, 10 milhões de automóveis e comerciais leves elétricos circulam em todo o mundo, além de 600 mil ônibus elétricos. O Brasil ocupa a quarta posição entre os fabricantes de veículos pesados no mundo. Por isso, precisamos urgentemente de uma política nacional de eletromobilidade”, defendeu.
Maluf também ressaltou a grande participação de etanol para impulsionar o processo de eletrificação. “Quase metade dos veículos elétricos são híbridos-flex, contribuindo para geração de empregos. A tecnologia do híbrido flex tem muita sinergia com etanol, que sem dúvida se apresenta como o biocombustível mais eficiente de todos. Precisamos ampliar a fabricação de veículos híbridos/biocombustíveis para geração de emprego e renda. E para garantir a sobrevivência do etanol”, explanou Maluf, que também defende a criação de um pacote de incentivos para o desenvolvimento de pesquisas sobre eletromobilidade.
Para o executivo Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, no país, o carbono neutro é o etanol. A montadora japonesa apresentou na fábrica em Sorocaba -SP, quatro tecnologias de propulsão em sua linha veicular, híbrido flex, plug-in, totalmente elétrico e célula de combustível.
“Não precisa deixar de lado a tecnologia nem mesmo acabar com os motores a combustão”, afirma Chang, destacando que o etanol é uma ótima opção para contribuir com a descarbonização no mundo.
“Há uma faixa de latitude onde é possível produzir etanol em larga escala que abrange, principalmente, Brasil, África e Índia. Nessas regiões é possível que não seja inteligente deixar de lado o motor a combustão com propulsão híbrida Flex”, disse. (Jornal Cana/Andréia Vital)