O Estado de S. Paulo
As transformações tecnológicas e a preocupação maior com a sustentabilidade têm feito com que as pessoas deixem de lado o interesse em ter carro próprio e passem a olhar com maior atenção para opções alternativas de mobilidade. Os carros por assinatura, por exemplo, têm ganhado espaço no mercado. “A pandemia acelerou uma mudança de comportamento em relação à mobilidade, porque as pessoas queriam comprar carros, mas não havia produção. Então as locadoras passaram a ofertar as assinaturas anuais, uma solução simples e bem de acordo com o cenário”, explica Elvio Lupo, diretor executivo de Aluguel de Carros da Localiza.
Em setembro de 2020, a empresa lançou o Localiza Meoo, que permite ao usuário assinar em sete capitais, incluindo São Paulo, automóveis de todas as marcas e categorias: dos econômicos aos luxuosos como o Jeep Commander. Basta baixar o app, selecionar as opções que mais se adaptam ao seu perfil e retirar o carro em uma loja.
O interessado escolhe um automóvel novo e paga mensalidades fixas em contratos de 12 a 48 meses, sem ter de se preocupar com custos de manutenção, seguro e impostos. E, para quem vai precisar de um carro pontualmente, também há um novo modelo.
O Localiza Fast, por exemplo, é uma solução em que o cliente faz todo o processo sozinho e sem interação humana, inclusive na retirada e na entrega do veículo. “Investimos para que a experiência de alugar um carro seja mais simples, digital e prática”, conclui Lupo.
Assinaturas diversificadas
A UseCar mantém pontos em condomínios em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. A contratação, o desbloqueio e o bloqueio do carro são 100% digitais. Adriana Mendes, consultora de negócios jurídicos, é cliente da empresa há mais de um ano. “Desde que vendi meu carro, passei a usar bike e carro por aplicativo, e quando o condomínio onde moro, no Butantã, implantou a UseCar comecei a usar locações avulsas e agora tenho um pacote mensal. O custo é bem menor perto do que eu gastaria tendo um carro e estou supersatisfeita.”
A For You Fleet se especializou no mercado de luxo e opera no Estado de São Paulo. Um concierge entrega na casa do cliente veículos como BMW X3, Mercedes C180 e Land Rover Velar. A Osten Go também trabalha com assinatura de veículos premium, mas aposta no carsharing. O compartilhamento do Mini Cooper S Top e do BMW I3 elétricos é totalmente digital. Os clientes reservam no aplicativo e retiram os automóveis nas lojas da empresa ou nas moradias compartilhadas da Housi, apontando uma tendência de edifícios e condomínios destinarem espaços para veículos compartilhados.
Espaço para startups
Antenadas com o mercado, as startups encontraram na mobilidade alternativa um nicho potente. Em 2017, a Turbi lançou um app de aluguel por hora, diário, semanal ou com assinatura mensal, que indica o posto de retirada mais próximo do motorista, instalado em estacionamentos da capital e Grande São Paulo que funcionam 24 horas todos os dias. Fundada em 2019, a Beepbeep tem uma particularidade: a possibilidade de entregar o carro em uma cidade diferente daquela em que o veículo foi retirado, sem custo adicional. Renault Zoe e CAOA Chery Arrizo 5e elétricos são reservados e destravados pelo aplicativo da empresa, presente em São Paulo, São José dos Campos, Campinas, Indaiatuba, Valinhos e Jacareí, e nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos.
“É possível uma sociedade funcionar com bicicletas”
O engenheiro Eduardo Stavale começou a usar as bikes compartilhadas em 2018 e nunca mais deixou de pedalar. “Depois que fui para Amsterdã, entendi que é possível uma sociedade funcionar com bicicletas e isso me inspirou a comprar uma”, conta.
A adaptação foi rápida. Tanto é que, quando seu carro foi roubado, em 2019, ele optou por não comprar outro. “Eu não usava o carro direto por conta do trânsito e foi fácil aderir à vida sem ele”, lembra.
Stavale conta que atualmente se desloca basicamente de bike e de metrô. Somente nas férias, quando vai viajar com a família, é que recorre ao carro. Aí costuma fazer o aluguel tradicional.
Bikes elétricas
As bicicletas compartilhadas continuam em alta. A E-Moving, que tinha suspendido temporariamente o bikesharing para pessoa física, acaba de anunciar a sua volta ao mercado oferecendo bikes elétricas para quem trabalha com carteira assinada. No cadastro, é necessário informar um e-mail com o nome da empresa.
Em junho passado, o projeto Bike Sampa recebeu 500 bicicletas elétricas para compor a sua frota em São Paulo, que hoje soma 2.700 bikes. (O Estado de S. Paulo/Roberta De Lucca)