Cenário dos veículos elétricos no mundo

O Estado de S. Paulo/Mobilidade 

 

A JAC Motors vai lançar no Brasil um caminhão elétrico com peso bruto total (PBT) superior a 12,5 toneladas. Ou seja, com capacidade superior à do E-JT 125, que a marca chinesa acaba de colocar no mercado brasileiro. A novidade será apresentada durante a Fenatran, considerada como a maior feira do setor de transportes da América Latina. O evento ocorrerá em novembro, em São Paulo.

 

A expectativa é de que o novo modelo tenha preço acima de R$ 700 mil. Com isso, a empresa vai ampliar ainda mais sua presença no segmento de veículos comerciais 100% elétricos no Brasil. Atualmente, já oferece seis modelos do tipo, entre furgões e caminhões. Além disso, há uma van elétrica de transporte de passageiros.

 

Segundo a marca, seu caminhão de maior sucesso no País é o IEV1200T, lançado em 2020. Os clientes desse modelo, com PBT de 7,5 toneladas, são grandes embarcadores, como DHL e Pepsico. Assim como empresas de transporte, como Rodonaves e Braspress, por exemplo. Embora os elétricos sejam mais caros que os equivalentes com motor a combustão, permitem atingir metas previstas em planos de redução de emissões.

 

Entregas urbanas

 

De acordo com a JAC Motors, foram vendidas cerca de 600 unidades do IEV1200T, em 2021. Conforme a empresa, a expectativa é chegar ao mesmo volume de emplacamentos neste ano. A marca informa ainda que, até julho, havia faturado 300 unidades. O caminhão feito na China pode rodar cerca de 200 quilômetros entre as recargas e tem preço sugerido de R$ 469.900.

 

Segundo Sergio Habib, presidente da JAC Motors no Brasil, os leves e médios respondem por cerca de 12 mil unidades nas vendas totais anuais de caminhões no mercado brasileiro. Portanto, considerando esse cenário, o executivo afirma que os resultados de vendas dos modelos elétricos é satisfatório. De acordo com Habib, a meta da marca é oferecer ampla gama de veículos 100% elétricos focada em entregas urbanas. Bem como em operações intermunicipais de curta distância. Além disso, ele aposta no aumento da demanda por par te de empresas que buscam cumprir políticas ligadas a ações de ESG.

 

Apesar de a JAC Motors não confirmar, a expectativa é de que o novo modelo seja um médio. Portanto, a marca chinesa deverá disputar vendas no segmento de caminhões com PBT de 14 toneladas. Ou seja, a novidade será rival direto do e-delivery, DAVWCO.

 

Scania amplia produção

 

Já a Scania voltou a produzir entre 100 e 110 caminhões, por dia, no Brasil. Até recentemente, a falta de componentes, que afeta todas as montadoras, vinha prejudicando as entregas. Com isso, em 2022, a marca perdeu a vice-liderança de vendas entre os pesados para a DAF. Agora, com a retomada da produção aos níveis de antes do início da pandemia, o Scania R 450 deve reconquistar a posição.

 

De acordo com a Scania, nos momentos mais críticos, a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, fez cerca de 65 caminhões, por dia. Segundo dados da Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionárias, o Scania R 450 perdeu o segundo lugar nos emplacamentos de pesados para o DAF XF, a par tir de janeiro de 2022. A diferença entre os dois modelos é de 534 unidades.

 

Ou seja, de janeiro a julho, o DAF XF somou 3.410 unidades, ante as 2.876 do Scania R 450. Conforme a marca sueca, a perda de espaço ocorreu por causa das falhas na entrega de peças, sobretudo semicondutores. Como resultado, houve redução nas entregas e, portanto, nos emplacamentos. Segundo Alex Nucci, diretor de vendas de soluções de transportes da Scania, a fila de espera está bem menor. “Não passa de 60 dias, que é o prazo normal da Scania”, revelou o executivo, em conversa exclusiva com o Estradão.

 

Armas tradicionais 

 

Agora, Nucci diz que a fábrica está preparada para atender ao possível aumento de demanda na produção. Ele se refere à expectativa de antecipação de compras, por causa da entrada em vigor do Proconve P8, em janeiro de 2023. Para atender às regras do programa brasileiro de redução de emissões, equivalente ao Euro 6, as fabricantes estimam que os preços dos caminhões possam subir até 30%.

 

“Isso nos dará condições de brigar pela segunda posição no ranking de vendas de pesados a partir de 2023”, diz Nucci. Portanto, o executivo não acredita na retomada da posição neste ano. De acordo com ele, o problema não está na demanda, mas na capacidade de produção da empresa.

 

Segundo Nucci, a Scania aposta fortemente na oferta de serviços conectados para aumentar sua rentabilidade. Esses sistemas permitem acompanhar o desempenho do caminhão em tempo real. Com isso, é possível garantir a disponibilidade da frota e a redução no consumo de combustível, segundo o executivo. “O resultado é maior rentabilidade para o transportador”, afirma.

 

Ele diz, ainda, que a queda na oferta de produtos não prejudicou a imagem da marca no Brasil. Conforme o diretor da Scania, prova disso é que não houve desistência dos pedidos feitos. “Mesmo considerando o cenário atual adverso das taxas de juros, por exemplo”, explica. Segundo Nucci, 65% dos clientes são transportadoras de pequeno porte. Além disso, a maioria compra caminhões Scania há cerca de 20 anos. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Andrea Ramos e Aline Feltrin)