Linha de crédito do Banco Mundial vai financiar carros elétricos, híbridos e flex

Blog do Ricardo Ribas

 

A International Finance Corporation (IFC), entidade ligada ao Banco Mundial, liberou uma linha de 50 milhões de dólares (cerca de R$ 260 milhões) para o financiamento de veículos verdes no Brasil. O parceiro escolhido foi o BV, antigo Banco Votorantim, um dos líderes na concessão de crédito automotivo do mercado, informa o Portal Exame.

 

“O Brasil tem a maior frota de veículos da América Latina, e o segmento de carros movidos a etanol e gasolina (os chamados flex) é quase exclusividade do mercado brasileiro”, apontou Rogério Santos, responsável pela área de instituições financeiras para o Brasil da IFC.

 

A parceria é parte de um portfólio de mais de US$ 1 bilhão em ativos sustentáveis financiados pela IFC no país. Além do crédito para veículos verdes, a organização financia projetos de geração renovável, eficiência energética industrial e agricultura sustentável. Segundo o BV, os recursos serão direcionados ao financiamento de carros elétricos, híbridos e flex.

 

Híbridos e elétricos

 

Hoje, 80% da carteira de R$ 41 bilhões de crédito automotivo do banco já é direcionada para a aquisição de veículos das três categorias, principalmente os flex. O objetivo é aumentar ainda mais essa parcela. “A participação de híbridos e elétricos ainda é pequena, mas tem dobrado ano a ano”, disse Rogerio Monori, diretor de atacado e tesouraria do BV.

 

Ele contou que o banco já compensa 100% de carbono relacionado à sua carteira de crédito de veículos – já foram compensadas 955 mil toneladas de carbono, segundo o executivo. O plano é dobrar o volume de concessões de financiamento, chegando a uma carteira de R$ 80 bilhões em crédito para veículos até 2030. Os recursos do Banco Mundial são uma parte pequena desse todo, mas indicam a direção que a estratégia do BV deve seguir, em busca de metas mais sustentáveis.

 

Linhas de crédito

 

Segundo Flávio Suchek, diretor de varejo do BV, os recursos serão concedidos já a partir deste ano e terão o mesmo custo das linhas tradicionais de financiamento veicular do banco. As taxas partirão de 0,69% ao mês, podendo alcançar a casa dos 2%, dependendo do perfil do cliente que solicita o crédito.

 

Ele contou que, no último ano, o tíquete médio dos veículos financiados pelo BV aumentou 50%, em razão da disparada dos preços de carros no mercado brasileiro. O aumento da idade dos modelos financiados também foi sentida pelo banco.

 

No entanto, a parceria com a IFC é mais uma das iniciativas do BV para atuar na redução de emissões de gases veiculares no Brasil. Recentemente, o banco anunciou uma linha de financiamento para 500 caminhões da rede de logística do Magazine Luiza – a contrapartida para a concessão do crédito, com taxas menores, era que os transportadores compensassem as emissões de carbono dos veículos.

 

Além disso, o BV anunciou que pretende ajudar o iFood na tarefa de ter pelo menos 50% da frota de motos movidas a combustíveis limpos ou a eletricidade até 2025. O banco ofereceu um subsídio para financiar motos elétricas para os entregadores.

 

“Temos uma meta ambiciosa de produção de ativos sustentáveis. Além dos veículos, temos outras frentes de captação, como a emissão de mais de R$ 500 milhões em CDBs verdes para o financiamento de instalação de painéis solares em residências e empresas”, citou Monori. (Blog do Ricardo Ribas/Valéria Bursztein)