O Estado de S. Paulo
Tecnologias disponíveis em automóveis chegam agora aos ônibus. A nova geração de veículos rodoviários e urbanos, que começa a ser vendida neste semestre, terá recursos que oferecem mais segurança e conforto. Além disso, os veículos são menos poluentes e mais econômicos, conforme as novas normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para motores a diesel, que entram em vigor em janeiro.
As novas tecnologias foram apresentadas na Lat.bus, feira que terminou na quinta-feira, em São Paulo, e apresentou também vários lançamentos de ônibus elétricos para uso urbano. Só a capital paulista projeta ter 1,5 mil unidades até 2023.
Parte das novidades será restrita aos ônibus rodoviários. Os urbanos são vendidos a prefeituras por meio de licitações, e novas tecnologias resultariam em custos maiores, que teriam de ser repassados às tarifas, cujos preços são controlados.
Novos recursos
Os modelos da Mercedes-Benz, líder em vendas no País, terão sistema de frenagem de emergência ao detectar objetos e pedestres em movimento, controle inteligente de farol alto (que diminui a luminosidade ao cruzar com veículos no sentido contrário), freio de estacionamento com comando eletrônico, assistente de ponto cego e sistema anticapotamento. “São itens que vão salvar mais vidas”, diz Valter Babosa, diretor de vendas e marketing da Mercedes. Já Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da empresa, ressalta a redução de 50% de emissões de poluentes – 15 ônibus Euro 6 equivalem às emissões de um Euro 3, compara ele.
Nos modelos da Scania, que também têm sistema de controle de velocidade – reduzida automaticamente, via dados de GPS, quando em áreas de restrição, como hospitais –, o consumo de diesel cai 8% (para os rodoviários) e 10% (para os urbanos) em relação à geração atual, a Euro 5. A marca ainda terá opções de motores a biodiesel e HVO (óleo vegetal hidrotratado conhecido como diesel verde). A montadora já dispõe de modelos a gás e biometano.
A Volkswagen Caminhões e Ônibus, por sua vez, oferece modelos com câmbio automático, assistente de partida em rampa e bloqueio de partida enquanto as portas estiverem abertas.
Luciano Resne, diretor de engenharia da Marcopolo, reforça a transferência de tecnologias dos automóveis para os ônibus, como o aviso sonoro para uso do cinto de segurança. Nas poltronas, a empresa já usa no modelo G8 “espumas de travesseiros da Nasa”. Tecnologias adotadas em razão da pandemia também passaram a ser de série, como a luz ultravioleta que é acionada quando o passageiro sai do banheiro para higienização contra bactérias.
O presidente da Volvo Buses América Latina, Fabiano Todeschini, diz que as mudanças nos chassis da marca permitem economia de 9% em combustível em relação aos antecessores. Os ônibus também são mais confortáveis. “O passageiro não sente a mudança de marcha”, diz ele, sobre o fim dos trancos.
Carrocerias
Na encarroçadora Caio, uma mudança foi a ampliação da largura e da altura para possibilitar mais espaço para o usuário transitar nos corredores, mais conforto nos assentos e mais comodidade para as pessoas mais altas.
A Comil, também encarroçadora, aproveitou a necessidade das mudanças relacionadas às normas do Euro 6 e alterou todo o design do ônibus. Luciano Tedesco, coordenador comercial da marca, diz que as mudanças garantem mais aerodinâmica e economia de combustível. Para o conforto dos motoristas, os ônibus ganham a possibilidade de incluir duas poltronas para motoristas substitutos. Os modelos têm ainda uma cabine extra com duas camas para que eles possam descansar no intervalo de viagens longas. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)