Reestilização do VW Golf no Brasil foi destruída por ser muito interessante

Jornal do Carro

 

O ex-chefe de design da Volkswagen do Brasil, Luiz Alberto Veiga, abriu recentemente a sua “caixa de pandora” e começou a publicar projetos feitos quando ele trabalhava na montadora. O Jornal do Carro publicou, por exemplo, desenhos com propostas de reestilização para a Kombi feitos em 1997. Na ocasião, a marca não autorizou as mudanças, e eles foram para a gaveta. Pois Luiz Veiga revelou outro caso curioso que envolve o Golf.

 

O designer publicou uma imagem que mostra a 4ª geração do hatch médio ao fundo e uma proposta de renovação da dianteira em primeiro plano. Na postagem, ele relata que o projeto de facelift do Golf “foi apresentado a representantes do board Alemão como uma solução ‘barata’ para uma modernização do modelo no Brasil”. Porém, recorda ele, ficou tão interessante que, “após a apresentação, recebemos ordens de esconder e destruir o modelo”.

 

Segundo Luiz Veiga, a equipe brasileira conseguiu um grande impacto visual com pouco investimento e mudanças. O problema é que a Volkswagen da Alemanha estava desenvolvendo um Golf completamente novo, “até o último parafuso e com custo astronômico”. Assim, conta ele, “a proposta poderia levantar questionamentos quanto à necessidade de um modelo completamente novo”. O resultado já sabemos: o projeto foi vetado pelos alemães.

 

Coincidência ou não, o Brasil acabou sem o novo Golf, que teve um hiato de duas gerações no País. Veiga não especifica quando o projeto foi apresentado na Volkswagen da Alemanha, mas é provável que tenha sido no início dos anos 2000. A quinta geração do hatch médio estreou em 2003 e nunca veio para cá. Em 2008, a montadora lançou a sexta linha do Golf na Europa. Enquanto isso, aqui, que ainda era feito o Golf de 4ª geração em São José dos Pinhais (PR).

 

Mas, embora Luiz Veiga não comente no seu texto, o desenho veio a calhar alguns anos depois. No fim de 2007, a filial brasileira da marca alemã promoveu uma reestilização do hatch médio (foto), que ganhou dianteira muito parecida com a da proposta recusada pelos alemães. Aqui, o modelo ficou conhecido como Golf 4,5, já que era a 4ª geração com desenho que lembrava a 5ª linha do hatch. Assim, perdurou no mercado até 2013. Um ano depois, veio o Golf 7.

 

“Para o Brasil, a decisão foi ruim, porque continuamos com um modelo desatualizado e não tivemos dinheiro para produzir aqui o novo Golf, mais uma vez, devido aos grandes investimentos necessários, versus nosso mercado, sempre vacilante e traiçoeiro”, lamenta.

 

Fora de linha desde 2020, Golf pode voltar

 

Após sucessivas quedas nas vendas desde 2014, o VW Golf seguiu firme até meados de 2019, quando a Volkswagen decidiu, então, encerrar a produção local. Logo após o fim da linha nacional, o Golf GTE – híbrido do tipo plug-in – foi importado. Pois, da mesma forma, a eletrificação pode ser o caminho de volta para o hatch médio no Brasil.

 

Até nos mercados mais ricos, o Golf vem perdendo espaço para os SUVs. Assim, a tendência é que o tradicional hatch se torne um carro de nicho. Se voltar, o que pode acontecer em 2023, a 8ª geração do Golf virá de novo na versão híbrida GTE. (Jornal do Carro/Diogo de Oliveira)