O Estado de S. Paulo/Caderno Mobilidade
“O cenário pandêmico que assolou o mundo trouxe instabilidade econômica a empresas de diversos segmentos, bem como transformou a vida de muitas pessoas, que tiveram de adaptar seus hábitos para evitar a contaminação pela covid-19.
Com o sistema de isolamento social imposto para conter a proliferação do vírus, dados do Ministério da Economia apontam para o fechamento de mais de 1,4 milhão de negócios formais somente em 2021. Em 2022, com a maioria das pessoas já vacinada, o cenário começa a se tornar mais positivo, principalmente pela volta às atividades presenciais.
Para o ecossistema da mobilidade, o retorno das pessoas às ruas resulta em uma onda de expectativas positivas para um dos mercados que mais sofreram com a pandemia. A projeção para 2022, da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), aponta para um crescimento de 9,4% na produção total de veículos leves e pesados.
Essas previsões, aliadas a um público mais confiante e com muita vontade de viajar, ampliam a procura por veículos de transporte coletivo, que reflete um aumento nas demandas por ônibus rodoviários, de fretamento e urbanos, jogando luz no túnel das incertezas de 2020 e 2021.
No turismo, com a animação das pessoas em voltar a viajar, os operadores do sistema respiram aliviados, experimentando um nível de ocupação em seus veículos como há muito não se via. São pessoas, em todo Brasil, saindo para passear, visitar amigos e parentes ou, simplesmente, partindo de férias com seus familiares.
Migração de passageiros
Nas viagens rodoviárias, vemos um outro fenômeno interessante. Além do retorno dos passageiros usuais, percebemos uma migração de uma parcela significativa dos usuários da aviação para o transporte terrestre. A esse novo público se somam as pessoas que estão deixando seus carros nas garagens e optando pelo ônibus. Tudo isso por causa do forte aumento nas passagens aéreas e da crescente elevação nos preços dos combustíveis. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as passagens aéreas terão alta de 19,3%, durante o ano, fazendo do transporte coletivo terrestre o grande atrativo do momento.
Conforto, segurança e preços mais acessíveis dos novos ônibus disponíveis no mercado atraem os brasileiros, que viram suas rendas diminuírem em quase 9%, no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esses dados apresentados pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), via Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), reforçam a necessidade de alternativas mais econômicas para o transporte, seja qual for a finalidade.
Transporte urbano
A volta das atividades presenciais aumentou a circulação das pessoas nos grandes centros urbanos. A maioria utiliza o transporte público para seus deslocamentos, contribuindo, assim, para que empresas focadas nessa demanda ampliem a quantidade de ônibus e micro-ônibus nas cidades.
Após o retorno às aulas presenciais, cerca de 22,8 milhões de estudantes, no País, voltaram às ruas, representando mais de 80% do total das redes municipais de educação, de acordo com a pesquisa realizada pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Itaú Social. Esse número nos dá uma dimensão da quantidade de pessoas que voltaram a circular, e, na maioria dos casos, o transporte coletivo é a única alternativa plausível para a chegada a seus destinos.
Diante desse cenário promissor, as empresas que têm a mobilidade urbana e rodoviária como seu core business investem em inovação, novas tecnologias e produtos capazes de atender à crescente demanda. Agora, é ‘sacudir a poeira’ e acompanhar a evolução do mercado, torcendo para que essa tendência positiva se consolide ao longo do ano”. (O Estado de S. Paulo/Caderno Mobilidade)