Repórter Diário
O anúncio feito na última segunda-feira (04/04) pela Mercedes-Benz de parar sua linha de montagem de caminhões e dar férias coletivas a 5 mil trabalhadores por causa da falta de semicondutores, além de outras paradas já realizadas por outras montadoras, trarão consequências a economia da região. Essa situação revela a reestruturação da indústria automotiva instalada no ABC.
O economista e professor da Universidade Metodista, Sandro Maskio comentou sobre a parada da Mercedes-Benz e também sobre a Scania, que parou sua produção entre janeiro e início de fevereiro também. Segundo ele haverá sim prejuízos regionais e nacionais, mas eles devem ser superados e ele descarta mudanças mais radicais como o encerramento dessas linhas de produção como ocorreu com a Ford. “Essas paradas são essencialmente por conta da falta de semicondutores e o mundo todo sofre com isso. A pandemia tornou evidente o risco da globalização, porque hoje temos quatro ou cinco empresas que produzem esses materiais; elas estão todas na Ásia e não estão dando conta, porque os semicondutores são demanda não só da indústria de automóveis, mas também de celulares, computadores e eletrodomésticos. Essa indústria vai se reestruturar, mas vai demorar, vamos assistir isso ainda em 2022 e talvez em parte de 2023”, analisa.
Para Maskio, não há indícios de que Scania e Mercedes venham a desmobilizar suas linhas de produção por conta da demanda pelo que produzem que está elevada. “O principal produto de exportação do ABC, em termos de valores, é o caminhão. Essas paradas já geram um problema nacional quanto a atividade econômica, mas pode trazer problemas regionais também como o desemprego indireto, ou seja, em empresas fornecedoras das montadoras”, opina. O professor da Metodista diz que Europa e Estados Unidos já anunciaram processos de reindustrialização e a América Latina, e o ABC podem ser beneficiados com isso.
A Volkswagen demitiu no mês passado 83 trabalhadores que estavam em outras funções por conta de problemas de saúde. A montadora justificou as demissões alegando que a maioria dos desligamentos neste ano ocorreu pelo PDV (Programa de Demissão Voluntária) aberto pela empresa, além de alguns outros casos pontuais de ‘Desligamento com Direitos’. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC trabalha para reverter as demissões.
Na General Motors os trabalhadores tiveram um dia de lay-off na última semana por conta também da falta de semicondutores. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, por enquanto não há nada que indique paradas mais longas. “Rumores a gente sempre ouve de tudo que é lado, mas oficial não tem nada”, garantiu o sindicalista. A GM tem cerca de 7,6 mil funcionários na unidade de São Caetano. (Repórter Diário/George Garcia)