A indústria não pode ficar para trás

O Estado de S. Paulo

 

O Brasil está diante de uma oportunidade: a quarta revolução industrial. Até agora, tivemos três. A primeira ocorreu a partir de meados do século 18, quando a produção manual foi substituída pela mecanizada. A segunda iniciou-se por volta de 1850, com o emprego da eletricidade e do petróleo, que possibilitaram a produção em massa. A terceira, um século depois, trouxe à indústria a eletrônica e a tecnologia da informação. Ingressamos agora na quarta revolução, também chamada de indústria 4.0, com a chegada dos robôs, da internet das coisas, dos big data, da inteligência artificial, dos drones, da nanotecnologia, da computação na nuvem e das impressoras 3D.

 

A nova revolução tem máquinas que se interconectam e tomam decisões usando dados armazenados em nuvem e emitem relatórios instantâneos sobre produção. São capazes de antecipar problemas, evitar interrupções na produção e identificar novas demandas dos consumidores.

 

Toda a cadeia produtiva muda, com a utilização mais eficiente do tempo, menor desperdício físico e otimização dos recursos financeiros. O aumento da produtividade industrial e da escala de produção reduz custos e dá mais acesso ao consumo de bens. Um elemento fundamental é a redução do consumo da energia, tão necessária em nossos dias. Outro aspecto virtuoso é o potencial de ampliar o valor agregado da pauta de exportações, com mais produtos manufaturados.

 

O Brasil precisa protagonizar essa agenda e se reinventar. Já temos agências governamentais e parcerias público-privadas dedicadas a esse tema, e parte das indústrias brasileiras procura adaptar-se, investindo em novas tecnologias, máquinas e profissionais com novas competências.

 

É boa notícia, pois a indústria brasileira, junto com o agronegócio, foi responsável pela modernização do País entre as décadas de 1930 e de 1980 e nos colocou no grupo de grandes economias do mundo. Nos últimos tempos, porém, o que vemos é uma perda gradativa de vigor. Há dias, o jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem mostrando que a produção industrial caiu 20% nos últimos dez anos. É preocupante, principalmente pela destruição de postos de trabalho da indústria e de outros setores da cadeia produtiva.

 

A indústria 4.0 é um desafio transformador. Mantendo foco, empenho e espírito inovador para acompanhar o novo paradigma encontraremos o caminho para uma modernização rápida da economia, com impactos positivos na competitividade e nos indicadores de prosperidade da Nação.

 

A indústria não pode ficar para trás.

 

O Brasil precisa se reinventar para ser um dos protagonistas da indústria 4.0. (O Estado de S. Paulo/Carlos Trabuco Cappi)