Fiat Mobi, nem tão popular assim

iCarros

 

No site da Fiat, um Mobi Like 2022, versão mais barata desse modelo de entrada e sem nenhum opcional, é oferecido por R$ 60.990*. Já seu maior rival, o Renault Kwid, acaba de ser apresentado por preços a partir de R$ 59.890. São os dois modelos mais baratos de nosso mercado hoje. Populares? Nem tanto.

 

Quando o IPI para os carros até mil cilindradas foi “zerado” – ou quase, pois passou a 0,1% – pelo então presidente da república Itamar Franco, em 1993, criando na prática o carro popular brasileiro, o preço médio desses modelos era de cerca de R$ 7.500. E, como naqueles tempos um real valia um dólar, isso equivalia a mais ou menos US$ 7.500.

 

Com esse dinheiro, dava para comprar os modelos Fiat Uno Mille, VW Gol 1000, Chevrolet Chevette Júnior e Ford Escort Hobby, todos eles versões “mil” de compactos que, antes, eram produzidos apenas com motores um pouco maiores.

 

Ah, sim, a pedido do mesmo Itamar, o Fusca, que havia saído de linha em 1986, foi ressuscitado e voltou ao mercado, com um preço próximo ao desses mencionados, só que com motor 1.6 refrigerado a ar (que rendia mais ou menos o mesmo que os outros).

 

O tempo passou, o IPI subiu, mas essa faixa de entrada de nosso mercado continuou sendo tratada como popular e, não por acaso, até não faz muito tempo, correspondia à maior fatia de vendas em nosso mercado. Só que, de uns tempos para cá, o panorama começou a mudar.

 

Novos tempos, preços maiores

 

Entre os fatores que fazem com que os carros tenham valores tão altos em Real, as montadoras costumam apontar em primeiro lugar para os impostos – que aqui podem chegar a até mais de 50% do preço do veículo, somando os tributos que incidem durante a produção e depois de pronto.

 

Além disso, embora boa parte dos veículos seja montada no Brasil, ou venha de países com que mantemos acordos que os isentam de taxas de importação, cerca de 35% de seus componentes são importados, pagos em dólar – e a cotação da moeda norte-americana aqui disparou nos últimos anos.

 

É claro que esses fatores influenciam o custo de produção (e venda) de todos os tipos de veículos, mas com os mais baratos, a coisa fica um pouco pior. Para terem um bom lucro com esses modelos, as montadoras precisam vender grandes quantidades deles, já que a margem (diferença entre o que custa fabricar algo e o quanto se recebe por sua venda) nesse segmento é menor que nos dos modelos mais sofisticados.

 

E, nos últimos tempos, os volumes de vendas desses carros mais baratos caíram bastante. Eles já não são mais os mais vendidos do mercado, perdendo para modelos de categoria superior – como o Chevrolet Onix, o Hyundai HB20 e o Fiat Argo, os “campeões” mais recentes que, além de tudo, dão um lucro maior às montadoras.

 

Além disso, de um tempo para cá, mesmo nas gamas desses modelos mais baratos – como os já mencionados Fiat Mobi e Renault Kwid e, também, o recentemente “falecido” VW up! – as versões mais vendidas eram as intermediárias e as mais equipadas, e não as mais baratas.

 

Na prática, o consumidor brasileiro está, mesmo, mais exigente e, ainda que tenha de pagar um pouquinho mais, tende a escolher versões que tragam, no mínimo, itens como ar condicionado e direção assistida, por exemplo. Não por acaso, a marcas estão deixando de oferecer carros sem esses acessórios, mesmo entre os populares.

 

Levando tudo isso em conta e buscando conquistar uma fatia maior de compradores, tanto a Fiat quanto a Renault decidiram incorporar mais itens de conforto, tecnologia e segurança ao Mobi e ao Kwid, o que, claro, encarece esses carros um pouco mais ainda, mas, neste momento, parece ser a estratégia mais apropriada, mesmo.

 

Você pode conferir esse “banho de loja” que os dois modelos mais baratos do país hoje receberam em seus modelos 2022 em nossas matérias sobre eles aqui no iCarros. Eles podem, mesmo, ter deixado de ser tão populares, mas certamente se tornaram bem melhores para o dia a dia.

 

(*) consulta em 20/1/2022. (iCarros)