Maioria das montadoras deixa de aceitar pedidos de locadoras

AutoIndústria

 

O setor automotivo vive um momento de exceção. Com essas palavras o presidente da Abla, Associação Brasileira das Locadoras de Veículos, abriu a entrevista coletiva que concedeu nesta terça-feira, 19, para falar do XVI Fórum Internacional do setor e do momento pelo qual passa o mercado de automóveis.

 

A falta de veículos novos decorrente da escassez de semicondutores está impedindo a renovação adequada da frota das empresas que trabalham com aluguel e terceirização de frotas, com aumento da idade média dos veículos e dificuldades para atender a demanda dos clientes.

 

“A maioria das montadoras não está mais aceitando pedidos das locadoras”, informa Paulo Miguel Júnior, presidente do Conselho da Abla. “Há prazos de 240 a 300 dias para a entrega dos veículos já solicitados e tem locadora pequena que fez pedido de dez carros em dezembro do ano passado e até agora não recebeu”.

 

Em meados do primeiro semestre a Abla chegou a informar que havia montadoras não aceitando encomenda de alguns modelos, mas hoje a situação é generalizada, ou seja, o bloqueio aos pedidos envolve as linhas em geral e não modelos específicos.

 

Ante 620 mil veículos adquiridos em 2019, antes, portanto, da pandemia, as locadoras receberam apenas 360,5 mil no ano passado e deverão adquirir neste ano algo em torno de 380 mil – a previsão no início do ano era a de chegar a 450 mil.

 

Até setembro, as compras totalizaram 310,5 mil unidades. A maior fornecedora é a Fiat, com 105 mil unidades. Os modelos mais comprados hoje são Mobi e Argo, da marca italiana, e o VW Gol. Diante da crise dos semicondutores que afeta o setor mundialmente, a idade média dos veículos alugados em uso no Brasil, que era de 14 a 15 meses antes da Covid-19, estão em 23 meses atualmente.

 

“Há muito tempo não tínhamos uma idade média tão alta”, informa Paulo Miguel. “Todos os segmentos nos quais atuamos estão sendo afetados e no caso das frotas terceirizadas tem havido renovação com os veículos em uso, ou seja, não há modelos novos para fazer a troca”.

 

O quadro é realmente crítico, a ponto de o presidente da Abla preferir nem fazer projeções para 2022, visto que a falta de componentes eletrônicos deve perdurar até meados do ano que vem. “Acredito que não haverá retomada. Se houvesse regularidade, precisaríamos adquirir perto de 800 mil veículos em 2022”.

 

Com 11 mil locadoras no País, a frota atual do setor é de 1.070.00o veículos, com acréscimo de apenas 63 mil unidades em relação aos números do ano passado. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)