Cada país tem a versão de SUV que se encaixa à sua cultura, diz KPMG

O Estado de S. Paulo

 

O segmento de utilitários-esportivos é vasto. Envolve modelos pequenos, médios, grandes e de alto luxo. Mundo afora não é diferente, e cada país tem o SUV que se encaixa mais à sua cultura automotiva.

 

Nos últimos dez anos, a participação dos SUVs no mercado global cresceu de 11% para quase 40% no ano passado.

 

No Brasil a categoria tem forte apelo para uso familiar. Também é símbolo de status, afirma Ricardo Bacellar, da KPMG. Ele relata que, em depoimentos, vários usuários dizem que de dentro do carro “é possível olhar todo mundo de cima, o que também gera percepção de mais segurança”. Os mais vendidos são os pequenos, principalmente em razão dos preços.

 

Com base em dados de seus pares de seis países, Bacellar mostra o tipo de versão que mais sobressai em cada um e os motivos. Nos EUA, maior mercado global de SUVs, o que prevalece são modelos de grande porte e muita tecnologia.

 

“Para os americanos, quanto maior melhor”, diz o consultor. A infraestrutura, com ruas e rodovias largas, é feita pensando em carros grandes. A participação dos SUVs nas vendas é bem superior aos demais, e a tendência é continuar crescendo, embora em porcentuais menores do que em outros países.

 

Na China, maior mercado automotivo do mundo, os carros mais vendidos são sedãs, mas começa a ocorrer uma inversão. No subsegmento de luxo, que desempenha grande papel na preferência dos chineses, utilitários já superam os sedãs.

 

A maior parte dos SUVs na China é pequena, mas duas empresas locais, Li Auto e NIO começaram a produzir modelos de maior porte. O país, no entanto, é o que tem a menor previsão de alta na fatia de vendas dos utilitários, de 3,6 pontos porcentuais entre este ano e 2025.

 

Bacellar explica que a renda da classe média chinesa continua subindo, o que favorece o mercado de utilitários. Outro indutor deve ser a recente decisão do governo de dar incentivo para que os casais tenham três filhos – até 2016, era proibido ter mais de um filho. Desde então foi autorizado ter duas crianças e, em maio, três. “O reflexo será o interesse por veículos maiores.”

 

No Reino Unido, a popularidade vem da percepção dos consumidores de que os SUVs são luxuosos, confortáveis, elegantes e seguros para os ocupantes, por permitirem visão melhor do que ocorre no entorno. O foco são modelos pequenos e médios.

 

Também voltada a carros de menor porte, a França deve ver o segmento ganhar espaço nas vendas mais por substituição da frota do que aumento de consumo. Os franceses avaliam os SUVs como seguros, espaçosos, com melhor posição de dirigir e adequado ao uso familiar.

 

Considerados confortáveis para dirigir, os SUVs se tornaram ainda mais populares no Japão após a pandemia. Muitas pessoas passaram a comprar carros para evitar o transporte público, e esses modelos são vistos como ideais para famílias. Entre os países avaliados, é o que tem menor fatia na participação de utilitários. A maior demanda continua sendo por carros compactos, como os hatches.

 

Já na Índia, onde grande parte da população tem renda mais baixa que no Brasil, as montadoras começam a focar em SUVs pequenos para atender parte dessa classe.

 

Segundo Bacellar, “de maneira geral não há dúvidas de que o modelo caiu no gosto do consumidor. A curva é crescente em todos os países, independentemente da versão”. As fabricantes, por sua vez, esperam margens mais altas nas vendas e, por isso, há uma corrida para a “suavização” dos mercados. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)