Emplacamento de veículos cresce 203% em maio

Diário do Grande ABC

 

Com 126.487 veículos a mais do que no mesmo período do ano passado, o emplacamento cresceu 203,44% em maio. A alta expressiva se deve à base comparativa fraca, já que há um ano, o mercado foi impactado pelo início da pandemia do novo coronavírus e paralisação da economia. No último mês, foram 188.660 automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões ante 62.173 unidades em 2020. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (2) pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

 

Considerando os automóveis e os veículos comerciais leves, o incremento foi de 209,76% no período – de 56.627 para 175.405 unidades. Uma das justificativas para o desempenho é a boa oferta de crédito. De acordo com a entidade, sete a cada dez fichas enviadas aos bancos são aprovadas. Considerando os caminhões, 11.358 unidades foram emplacadas ante 4.724 em 2020 (140,43%). Já entre os ônibus, cuja demanda está baixa em razão da diminuição de viagens na pandemia, o incremento foi de 130,78% – 822 para 1.897 veículos.

 

A falta de componentes segue sendo um empecilho para as montadoras, tanto em relação aos automóveis quanto em relação aos caminhões. Por isso, os veículos emplacados em maio foram, em sua maioria, adquiridos nos meses anteriores. “Apesar dos esforços das montadoras, as entregas de veículos ainda não atingiram o equilíbrio, em função da falta de alguns componentes, principalmente eletrônicos, mantendo o represamento de vendas, que já vinha sendo verificado”, observa Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.

 

Não à toa, ontem a Volkswagen anunciou a paralisação das atividades nas fábricas de Taubaté (Interior) e São José dos Pinhais (Paraná) por dez dias, a partir da próxima segunda-feira (7). A decisão foi tomada pela falta de semicondutores. A planta de São Bernardo não deve ser afetada. A GM (General Motors), em São Caetano, já havia divulgado decisão parecida em 26 de maio. A parada, que também será utilizada para readequação da planta, deve ocorrer entre 21 de junho e 2 de agosto.

 

Assumpção Júnior afirma que caso a produção de caminhões fosse maior, haveria demanda. Isso porque o Índice de Confiança na Indústria Automotiva, segundo o ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial), está entre os cinco maiores do País, além de a entidade estar confiante no desempenho do comércio nos próximos meses e no avanço da vacinação contra a Covid-19. Em janeiro, a Fenabrave projetou crescimento de 16% no setor neste ano, previsão que só deve ser revista quando os resultados do primeiro semestre foram divulgados.

 

Menos otimista, Jefferson José da Conceição, coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), lembra que a demanda de veículos é extremamente sensível ao agravamento da incerteza na economia. “Um dos principais impactos da pandemia no setor é a queda da demanda interna de veículos, pela retração forte da produção nos demais setores e redução geral de postos de trabalho em todos os setores da economia”, detalha.

 

O docente adiciona que os consumidores mudaram o hábito de consumo com a crise sanitária. “O home office veio para ficar, levando a uma mudança nas preferências de consumo. Muitos consumidores já avaliam se é o caso de trocar agora o seu veículo, se precisa efetivamente de dois carros ou se não vale ter um carro de menor valor na garagem”, exemplifica.

 

Nos cinco primeiros meses de 2021, o aumento no emplacamento de caminhões foi de 62,82%, seguido pelos comerciais leves (56,88%), automóveis (25,51%) e ônibus (14,8%). Já considerando os resultados de maio com abril, o crescimento foi de 35,5% no emplacamento de caminhões, 15,7% entre os caminhões e 11,95% entre os automóveis. Apenas o segmento de veículos comerciais leves registrou decréscimo de 10,19%.

 

Mercedes-Benz e Toyota reconhecem dificuldades, mas descartam parada

 

As montadoras instaladas na região reconhecem a dificuldade causada pela falta de insumos, sobretudo semicondutores. Entretanto, a Mercedes e Toyota, ambas com unidade em São Bernardo, descartam, por ora, a paralisação das atividades.

 

Além da falta de componentes eletrônicos, a montadora alemã, que criou comitê para acompanhamento do assunto, apontou falta de produtos de origem química, metálica e polimérica. Já a automobilística japonesa salientou que os efeitos da falta de insumos foram mínimos em razão do planejamento a longo prazo e ao contato constante com fornecedores.

 

Na Volkswagen, a paralisação das atividades por dez dias nas plantas de Taubaté (Interior) e São José dos Pinhais (Paraná) irá afetar cerca de 4.000 trabalhadores. Na unidade paranaense, é produzido o SUV T-Cross e o Fox, enquanto a fábrica do Interior paulista produz o Gol e o Voyage. De acordo com o SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), a Volkswagen sinalizou possibilidade de paralisação a partir de 1º de julho, se a situação não melhorar.

 

A GM (General Motors), de São Caetano, onde produz os modelos Tracker, Joy Plus, Joy, Spin, Montana e Cobalt, irá parar por seis semanas a partir de 21 de junho. São aproximadamente 4.500 colaboradores que terão o contrato de trabalho suspenso no período. A montadora norte-americana também está com a produção parada na unidade de Gravataí (Rio Grande do Sul).

 

O Diário aguarda retorno da Scania.

 

Em um ano, empresa já estampou mais de 40 mil placas Mercosul

 

Empresa dedicada a estampagem de placas Mercosul para veículos e motocicletas, a Autêntica Placas, em Santo André, já fabricou mais de 40 mil unidades desde sua inauguração, em abril de 2020. Com custo médio de R$ 180 para carros e R$ 100 para motos, tem despachantes e lojas automóveis entre os principais clientes.

 

A sócia-proprietária Viviane Ferreira Barreto afirma que mesmo com o cenário desafiador imposto pela pandemia, a empresa conseguiu se manter. “(A demanda) Não está tão aquecida como antes, mas com os nossos parceiros fiéis e o nosso trabalho com marketing nas mídias sociais, estamos tendo uma boa demanda que ajuda a pagar os custos que são bem altos em relações a taxas e tributos”, diz, sem estimar números.

 

A placa Mercosul é obrigatória para veículos novos desde o ano passado. No caso dos usados, a substituição deve deve ser feita quando houver mudança de categoria do veículo ou furto, extravio, roubo ou dano à placa, além de quando houver transferência do registro para outro município ou Estado. (Diário do Grande ABC/Flavia Kurotori)