Creditas expande atuação no segmento automotivo e lança plataforma de “concessionária digital”

O Estado de S. Paulo

 

A Creditas está expandindo sua atuação na área de veículos, segmento no qual a fintech já oferece financiamento e empréstimo. Nesta última quarta-feira, 12, a empresa anuncia o lançamento do Creditas Auto, uma plataforma de compra e venda de automóveis.

 

“Nosso objetivo é que o cliente, em um só lugar, possa fazer financiamento, crédito, compra, venda e troca de carro. Queremos ter o lugar em que as pessoas resolvem todos os seus problemas com os veículos”, afirma ao Estadão o fundador e CEO da Creditas, Sergio Furio. A ideia é que, com a solução, a fintech veja o faturamento crescer em uma área importante na receita da empresa – a startup, no entanto, não abre os números.

 

Além da “concessionária digital”, a Creditas inaugura seis pontos físicos para que o cliente mais apegado ao mundo físico possa checar os automóveis pessoalmente antes da compra. Em Barueri (SP), há a primeira loja de automóveis da fintech, com área de 30 mil metros quadrados e capacidade para abrigar 3 mil carros – o espaço também oferece áreas de mecânica, funilaria, pintura e estética automotiva e também um estúdio fotográfico. Outras lojas devem ser inauguradas nos shoppings Santa Cruz e Anália Franco, nos supermercados BIG Washington Luiz e Pacaembu e em um ponto na região da Berrini.

 

Segundo a startup, o foco inicial será em São Paulo, ampliando os espaços físicos pelo Estado, e somente depois para o resto do Brasil. “Está no DNA da Creditas focar em regiões onde estamos consolidados e aí aos poucos expandir”, completa o CEO.

 

Assim como fazem as concessionárias do ramo, a Creditas garante que faz a inspeção de mais de 250 itens dos carros vendidos para atestar qualidade e procedência. A fintech oferece aos clientes garantia de um ano nos veículos comprados e até sete dias ou 300 km rodados como test-drive.

 

Para Guilherme Horn, conselheiro da Associação Brasileira de Fintechs (Abfintechs), o novo serviço não surpreende e, no futuro, pode impulsionar o mercado de crédito da fintech. No entanto, o efeito no curto prazo é adicionar risco e pressão na escala do negócio, já que o galpão, por exemplo, é uma estrutura enorme e de difícil manutenção, o que pode ser um problema para trazer rentabilidade. “Não é um movimento óbvio, mas se for bem-sucedido no longo prazo trará muito valor à companhia”, aponta. “A Creditas aposta alto no desafio que ela mesma lançou.”

 

Concessionária digital

 

Apesar de a novidade parecer ser a estreia de um novo player em um mercado que começa a se digitalizar, a fintech reforça que continua a trabalhar com as concessionárias parceiras que já utilizam os serviços financeiros da startup e que não é uma concorrente direta.

 

O lançamento traz uma versão “profissional” para buscar mais colaborações com o mercado, o Creditas Auto Pro. Nele, concessionárias podem usar a tecnologia da startup para criar lojas online exclusivas para alavancar as vendas, participar de programas de incentivo e, mais importante, os clientes poderão ter acesso a um cardápio mais amplo de veículos para comprar.

 

“Nosso foco é sempre o cliente. Se ele encontra um carro que quer em uma concessionária parceira, temos de viabilizar a venda. Nossos parceiros têm o veículo e nós temos o crédito. Fica uma relação muito simbiótica para as duas partes”, defende Furio. “É um processo de ganha-ganha.”

 

Desafios na pandemia

 

O Creditas Auto vem sendo desenvolvido desde 2019, mas foi interrompido em março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Ele foi retomado em junho do ano passado, quando a empresa notou crescimento na demanda por veículos próprios de locomoção, uma das consequências dos novos hábitos trazidos com o novo coronavírus.  Atualmente, a empresa possui mais de 150 pessoas dedicadas ao novo serviço. De acordo com o CEO, esse é o maior projeto da fintech, cuja fundação foi em 2012.

 

Em dezembro do ano passado, a startup captou US$ 225 milhões e se transformou no 13.º unicórnio brasileiro, com avaliação na época de mercado de US$ 1,75 bilhão. Antes disso, a fintech já havia iniciado a sua expansão no México e lançado serviços ao consumidor, como antecipação de salário e crédito consignado para pagamento de smartphones.

 

Apesar da expansão no setor de automóveis, Furio garante que a Creditas continuará a trabalhar na tríade de áreas pela qual ficou conhecida: casa, salário e carros. A perspectiva é integrar ainda mais os ecossistemas por meio de tecnologias de crédito – exemplo disso é a ferramenta de reforma de casa, pela qual a fintech oferece não só o crédito para o cliente, mas também uma equipe de arquitetos para viabilizar a obra.

 

“Não achamos que serviços financeiros podem existir apenas entregando crédito para o cliente. Essa junção entre o financiamento e o carro é cada vez mais relevante”, diz o presidente executivo. (O Estado de S. Paulo/Guilherme Guerra)