Série 2 da Scania chegou ao Brasil há quarenta anos

Blog do Caminhoneiro

 

Hoje, 13 de abril, um dos maiores sucessos da Scania no Brasil faz aniversário. A Série 2 da Scania, na linha T, com o famoso capô e design que marcou gerações de caminhoneiros, foi apresentada com exclusividade para os concessionários Scania no Brasil.

 

Todas as casas Scania no país puderam conhecer os novos caminhões com exclusividade, em 13 de abril de 1981. Apesar da demonstração para os concessionários, ao público a apresentação demorou um pouco mais.

 

A Scania realizou um evento de pré-lançamento na fábrica, no dia 24 de abril daquele ano, e a apresentação para o então presidente, João Figueiredo, aconteceu em 21 de maio de 1981. No dia seguinte, 22 de maio, os clientes começaram a receber as primeiras unidades. O lançamento dos novos caminhões, mais modernos e passando a contar com modularidade para produção, onde todos os modelos de uma linha, com ou sem capô, e com variações de chassi e motorização, compartilham as mesmas peças, aconteceu poucos dias após o encerramento da produção do Scania L 111.

 

Ao final de 1981, no mês de novembro, mais uma novidade. Após o encerramento da produção da linha LK, que ocorreu em 16 de julho, chegava ao mercado brasileiro, em novembro, a nova linha de caminhões R, de cara chata.

 

O lançamento aconteceu durante o Salão do Automóvel de São Paulo, apenas seis meses depois do lançamento na Europa. No Brasil, a linha R contava com dois modelos, o 112 H e o 142 H, com potências de 305 e 388 cavalos.

 

Essa linha, sem o capô, foi desenvolvida para uma aerodinâmica mais eficaz, passando inclusive por testes em túnel de vento.

 

O design dos novos caminhões foi concebido pelo famoso estúdio italiano Guigiaro, conhecido mundialmente pelas linhas arrojadas e pelos belos carros esportivos que foram desenhados por Giorgio Giugiaro e sua equipe. Giorgio esteve no Brasil, cinco anos depois do lançamento dos novos caminhões, para a Exposição Espaço Design 86.

 

A Série 2 também passou a contar com a possibilidade de personalização da cor do caminhão, conforme o interesse do comprador, como branco, azul, amarelo e o famoso laranja.

 

Foi com esses caminhões também que nasceram as famosas faixas laterais. A Cutralle, produtora de sucos de laranja de São Paulo, encomendou um lote de caminhões Scania 112. O Departamento de Planejamento de Vendas da Scania decidiu inserir em todos os caminhões uma faixa vermelha. Assim nasceu uma tradição que durou até os anos 2000.

 

Outra grande novidade que chegou aos caminhões da Série 2 da Scania foi o Intercooler.

 

A apresentação da novidade ocorreu em março de 1983, e os caminhões equipados com a nova tecnologia recebiam a inscrição na grade dianteira. Com o Intercooler, o caminhão receber ar mais frio na admissão da turbina, o que resulta em aumento da potência e torque nas mesmas faixas de rotação dos modelos sem o sistema. Os primeiros caminhões vendidos com o sistema chegaram às estradas no início de 1984.

 

Em outubro de 1983, comemoração com a Série 2. Um Scania T142HS, comprado pela empresa Ouro Verde, do Paraná, é o caminhão número 50 mil da Scania no Brasil.

 

O ano de 1984 começou em meio à crise mundial do petróleo. A solução encontrada pela Scania foi o estudo da viabilidade da produção de caminhões a álcool. Os testes com o uso de álcool em caminhões Scania começaram muito antes, em 1976, e desde 1981 a montadora já pesquisava combustíveis para substituir o diesel.

 

Com o avanço da tecnologia, a Scania passou a oferecer caminhões com potências de 200 a 400 cavalos, que não tinham similares em nenhuma outra parte do mundo.

 

Em 1984, a Scania vendeu 26 caminhões movidos a álcool, que operavam com treminhões no interior de São Paulo, atendendo usinas de cana-de-açúcar, como a São José, Barra Grande e Santa Elisa.

 

Operando com treminhão, o Scania T112E 6×4 movido a álcool podia rebocar composições, como o treminhão, com até 80 toneladas de carga.

 

Em maio de 1985, a Scania foi premiada, em Londres, na Inglaterra, pelo design do caminhão R 142. A escolha do modelo aconteceu durante a Exposição Internacional do Automóvel de Birmingham. Para a escolha, o júri considerou aspectos como design, funcionalidade, conforto e acabamento.

 

Em julho de 1985, foi entregue à empresa Transpauli Transportes Florestais, de Curitiba, o milésimo caminhão Scania vendido pelo consórcio da marca.

 

Em novembro de 1985, o Scania R, com motor de 11 litros, também passa a contar com o Intercooler. Essa tecnologia só estava presente nos modelos bicudos.

 

Foi em 1985 também que o Brasil se tornou o maior mercado da montadora. Foram vendidos aqui 3.306 caminhões, 840 ônibus e 1.632 motores naquele ano. A montadora também foi líder de mercado, mais uma vez, dominando 46% das vendas no Brasil.

 

Em março de 1986, mais uma premiação. As cabines CT 19, que equipam os modelos bicudos da marca, recebem o prêmio “Prix Europa-Cabine Longues Distance”, como melhor cabine para longas distâncias. No Brasil, essa cabine corresponde por 90% dos pedidos.

 

Em fevereiro de 1987 chegava ao mercado a linha de caminhões Super Advance, que recebeu um amplo conjunto de inovações tecnológicas. O principal destaque era o novo motor, o DSC 14-07, com 400 cavalos de potência.

 

Em setembro de 1987, em Södertälje, na Suécia, foi produzido o veículo Scania 500 mil. O T 92 4×2, equipados com uma caçamba, foi enviado para a Unicef, e seria usado em um projeto da entidade na Guiné.

 

Entre os 500 mil veículos produzidos, 106.400 foram vendidos na Suécia, e 60.900 no Brasil. O restante se espalhou pelo mundo.

 

No ano de 1988, a Scania realizou uma exportação de caminhões para o Iraque. 60 veículos da marca, de um total de 922 encomendados para serem entregues até 1989, deixaram o Brasil. Outra marca batida em 88 foi a venda de cinco mil caminhões e ônibus por meio do Consórcio Scania, lançado em 1982.

 

No Salão do Automóvel de São Paulo de 1988, a Scania apresentou um Scania T 112 HS em raio x. O modelo, inédito, permitia a visão completa de componentes, e tinha o motor e câmbio em corte, onde o público podia ver o caminhão por dentro, de forma detalhada.

 

Em outubro de 1989, mais uma novidade. A Scania lançou os novos caminhões HW e EW, com 360 e 410 cavalos de potência, e mais de 200 modificações técnica, garantindo uma série de vantagens operacionais e de economia para o segmento de transporte rodoviário.

 

No ano de 1989, a Scania também fez uma baita jogada de marketing. Criou o álbum de figurinhas O Mundo Scania, onde alguém poderia ganhar um caminhão zero quilômetro. Em 52 dias, 7,2 milhões de figurinhas foram consumidas por mais de 30 mil pessoas que se inscreveram na promoção.

 

Com a promoção, a Scania conseguiu cadastrar 80% da frota de caminhões da marca que ainda rodavam. Com isso, sabia exatamente onde estavam, a quem pertenciam, que cargas transportavam e como eram operados. Isso garantiu que a Scania pudesse criar estratégias melhores de mercado, além de aprimorar os serviços de pós-venda.

 

O ganhador da promoção foi Afonso Marson, um caminhoneiro de Sorocaba-SP, que recebeu um Scania T 112 HS Intercooler zero quilômetro.

 

Entre os caminhões registrados na promoção estava um L 71, fabricado em 1955, o mais antigo catalogado no Brasil até então, e outros 35 que tinha mais de 30 anos de uso.

 

Já em 1990, no dia 24 de outubro, sai da linha de montagem da Scania no Brasil um Scania T 112 HW 360 branco pérola, com defletores de ar, e a inscrição Scania 600.000. Esse era realmente o veículo 600 mil produzido pela Scania no mundo. Entre esses, mais de 300 mil ainda rodavam.

 

O caminhão em questão foi doado à Legião Brasileira de Assistência (LBA), destinando-se ao transporte de alimentos e outros produtos para a população carente do Brasil.

 

Em setembro de 1990 foi lançado o Scania T 112 HK 6×6, com tração nos três eixos, voltado a operações fora-de-estrada e com capacidade de tracionar até 80 toneladas.

 

Em 1991, a Scania completou 100 anos de operação no mundo. Para celebrar a marca, todos os caminhões Scania produzidos no mundo naquele ano saíram da linha de montagem com uma medalha dourada, em metal, alusiva ao centenário da empresa. A medalha era fixada na frente dos caminhões, na parte superior direita da grade dianteira. A medalha conta com a buzina símbolo do centenário e os anos 1891-1991.

 

Foi em 1991 que também foi colocada à venda a série especial Jubileum no Brasil. 200 caminhões, sendo 170 bicudos e 30 cara-chata, receberam pintura especial preta, com chassi prateado e faixas laterais prateadas, além da palavra Jubileum na lateral.

 

Todos os caminhões são do modelo HW, com 360 cavalos de potência, equipados com intercooler. A solenidade dos 100 anos da Scania aconteceu em 21 de maio de 1991, em São Paulo.

 

No ano de 1991, chegou ao final a produção da Série 2 da Scania, marcada por diversos fatores que trouxemos neste texto. Além dos caminhões, a montadora produziu e vendeu milhares de ônibus e motores industriais durante os anos 80, investindo e acreditando no Brasil, mesmo em uma época com altíssima inflação, greves, congelamento de preços e muitas incertezas.

 

Em breve, o Blog do Caminhoneiro vai trazer mais uma parte dessa riquíssima história, sobre o nascimento e vida dos modelos da Série 3. (Blog do Caminhoneiro/Rafael Brusque)