Scania lança primeiro ônibus movido a gás do País

Jornal do Carro

 

A Scania vendeu o primeiro ônibus movido a gás do País. O modelo foi entregue à Turis Silva, operadora de Porto Alegre, capital gaúcha, que vai transportar os colaboradores da Usina de Aços Gerdau.

 

O ônibus a gás é uma continuidade da estratégia da Scania de oferecer um transporte mais limpo frente ao diesel. No ano passado, a marca introduziu essa mesma tecnologia nos caminhões. E, até o encerramento de 2020, havia vendido 70 veículos de carga para importantes operadores logísticos do País. Possivelmente, a Scania estenderá a tecnologia para ônibus urbanos, em breve. Mesmo porque o maior apelo do motor a gás é a redução de emissão de poluentes como o CO2, na ordem de 15%.

 

O ônibus eleito para receber a tecnologia é o rodoviário K 320 4×2. O chassi, com motor traseiro, tem propulsor que desenvolve 320 cv de potência. Seu motor é Ciclo Otto, ou seja, o mesmo conceito dos automóveis. Portanto, não é um propulsor convertido do diesel para o gás, sendo movido 100% a gás e biometano ou a mistura de ambos. SOBRE O ÔNIBUS A GÁS Os cilindros do gás são produzidos com o mesmo material utilizado nas ogivas de mísseis. Em caso de incêndio ou batida, o gás é liberado na atmosfera e se dissolve sem perigo de explosão. Segundo a Scania, esse sistema é ainda mais seguro na comparação ao veículo similar abastecido a diesel que é mais perigoso, pois o líquido fica no chão ou pode se espalhar ao longo da carroceria. O K 320 conta com três válvulas (vazão, pressão e temperatura) que liberam o gás em caso de anomalia em um desses três quesitos.

 

O ônibus é equipado com carroceria Marcopolo Paradiso New G7 1050. Essa versão se destaca pela lista de equipamentos a bordo. Possui acesso à internet, TV digital, poltronas semileito, sistema de monitoramento por câmeras, tomadas USB individuais, sistema de ar-condicionado e monitores no salão de passageiros.

 

O modelo ainda traz algumas das soluções da plataforma Marcopolo Biosafe. O sanitário e o sistema de ar-condicionado possuem lâmpadas UV-C para desinfecção dos ambientes. As cortinas são produzidas com material antimicrobiano. Há ainda dispenser de álcool em gel na entrada da escada de acesso. A carroceria tem capacidade para transportar 44 passageiros, mas, por causa do distanciamento social, o modelo vai operar com metade desse número.

Autonomia de 300 quilômetros

 

O trajeto feito na operação da Gerdau será de 190 quilômetros entre ida e volta. O veículo sairá de Porto Alegre, capital gaúcha, com destino à cidade de Charqueadas. Mas sua autonomia é de 300 quilômetros, graças aos oito cilindros de gás instalados na lateral dianteira do veículo. O início do trabalho do ônibus a gás deverá ocorrer até o final do primeiro trimestre, período em que deve ser concluído o processo de certificação e homologação para receber a autorização de rodagem.

 

A Turis Silva, operadora de transporte da Região Sul do Brasil, vai estrear a operação do primeiro ônibus rodoviário movido a GNV para aplicações em fretamento no País. O veículo, que inicia a operação até o final deste primeiro trimestre, começou a ser negociado há cerca de um ano. “Cresce a cada dia os pedidos de contratantes para termos alternativas ao diesel no transporte de funcionários. A Gerdau é uma delas. Nos procurou há dois anos para colocar na frota veículos mais limpos. Não dará mais para continuar tendo o diesel como matriz única”, diz Jaime Silva, fundador e proprietário da Turis Silva Transportes.

 

Por causa dessa demanda dos clientes por energias mais limpas no transporte, até novembro do ano passado o empresário avaliou a tecnologia elétrica. Ficou impressionado com as vantagens que o veículo, um modelo BYD, oferece, uma vez que é livre de poluentes. Porém, Silva acredita que, neste momento, é inviável que empresários de pequeno e médio portes adquiriram o veículo. “O ônibus elétrico custa cerca R$ 2 milhões. E ainda há os desafios de infraestrutura de recarga. Minha empresa está localizada em uma região cuja estrutura ainda é precária; precisaria renovar a rede de energia para montar essa infraestrutura. Além dos investimentos que eu teria de fazer, iria precisar da intervenção do Poder Público, o que seria inviável”, explica Silva.

 

Para Silva, a eletromobilidade fará parte da realidade do transporte em breve, mas ainda precisa se tornar viável. “É questão de tempo, e, havendo demanda, os valores baixam. Dessa forma, será possível investir na infraestrutura”, diz.

 

Vantagens

 

Já com relação ao gás, além de o custo de aquisição ser menor – o empresário não quis relevar o preço –, a Turis Silva fez um convênio com o posto de combustível próximo de sua empresa. “Nós também vamos abastecer na própria Gerdau, que tem infraestrutura de gás na empresa. Aliás, eu diria que 90% do abastecimento desse ônibus ocorrerá na empresa, e já estamos acertando os valores”, diz.

 

Para Silva, a menor complexidade do veículo a gás é o que tornará possível expandir a tecnologia na operação de ônibus. O empresário, que também é presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento (Anttur), acredita que a solução irá se expandir, primeiro, pelo segmento de fretamento.

 

“Tenho muitos clientes que me pedem solução. Comecei pela Gerdau e é questão de tempo a gente levar a frota para atender outros clientes. Há operadores de fretamento nos demandando um ônibus a gás para o transporte de fretamento. E acho que colegas de outras empresas também devem receber esse pedido.”

 

A Turis Silva Transportes é uma empresa com 31 anos de mercado. Com sede em Porto Alegre, presta serviços de fretamento contínuo e eventual. Possui 250 ônibus, com idade média de 4,5 anos. Entre os clientes da Turis Silva estão Ambev, Brasken, Thyssenkrupp Elevadores, empresas que têm compromissos ambientais. Sobre o preço do ônibus, a Scania revela que a versão a gás custa entre 25% e 30% a mais em relação ao modelo movido a diesel. (Jornal do Carro/Andrea Ramos)