Procon registra alta de queixas em 2020

Jornal do Carro

 

O volume de queixas de consumidores contra as montadoras por causa de falhas em veículos vem crescendo, aponta o Procon-SP. De janeiro até o começo de novembro deste ano, o órgão de proteção ao consumidor recebeu 1.355 reclamações de pessoas insatisfeitas com os modelos que compraram. Para comparação, em 2019 inteiro foram feitas 1.051 queixas. Apenas o número de reclamações relacionadas à ofertas de venda pulou de 91 casos no primeiro semestre de 2019 para 205 no mesmo período deste ano.

 

“Essa tendência vem sendo percebida, principalmente, por causa da pandemia. Com a perda do poder aquisitivo de parte da população, as montadoras passaram a fazer campanhas de vendas mais agressivas e essa publicidade ineficiente acabou não explicando, detalhadamente, alguns pontos ao consumidor”, diz Fernando Capez, diretor-executivo do Procon-SP.

 

Ele alerta que todas as mensagens devem estar estampadas com a mesma clareza em toda a publicidade. “Esse tipo de reclamação não acontece só na capital paulista. É um fenômeno que ocorre no Brasil inteiro.”

 

Segundo Capez, além de reclamações em relação ao preço do veículo, que figuram no topo da lista, há muitas queixas envolvendo a venda de carros para PCD, em especial o Volkswagen T-Cross. “O fato de a montadora demorar mais de três meses para entregar um veículo mais barato (versão PCD), ou seja, menos equipado, e ter o mesmo modelo em versão de topo de linha para pronta entrega não foi compreendido pelo consumidor”, diz. Para o Procon-SP, essa prática foi interpretada como uma espécie de jogo de empurra para que o consumidor opte pela versão mais cara.

 

Resposta ao Procon

 

A Volkswagen informa que “todo o processo de vendas está respaldado na transparência e no cumprimento de todas as normas”. De acordo com a marca, a versão Sense do T-Cross, cuja tabela era de R$ 69.990 (dentro da faixa de isenção para o público PCD), teve seu último lote de vendas encerrado no mês de outubro.

 

Queixas contra defeito de fabricação e falta de peças de reposição também são comuns. A solução nem sempre é fácil, porque dificilmente as montadoras estão dispostas a fazer a troca do produto, mesmo em casos considerados irreparáveis.

 

“A lei não difere um veículo de um smartphone, por exemplo. Se não tem conserto, a troca precisa ser feita”, alerta Capez. O Procon-SP informa que, caso a tentativa de conserto demore mais de 30 dias, é possível que esteja acontecendo ação de má fé. Nesse caso, o consumidor deve procurar o órgão.

 

Usados

 

No caso veículos de segunda mão, o número de queixas é menor. De acordo com o Procon-SP, muitas ocorrências estão relacionadas à multas não pagas pelo antigo proprietário, além de danos e defeitos preexistentes, demora na entrega e outras situações que podem acabar gerando até mesmo o cancelamento do negócio.

 

“Reclamações relacionadas a preços também são bastante comuns no setor de usados. Recentemente, houve o caso de um consumidor que fez uma contraproposta para um modelo no qual se interessou. Em vez de responder ao cliente, o estabelecimento simplesmente passou o carro para frente. Isso é ilegal, pois, uma vez iniciada, a negociação não pode ser interrompida”, afirma Capez.

 

Para fazer uma reclamação, não é preciso ir pessoalmente ao Procon. A queixa pode ser registrada pelo telefone 151 ou no site www.procon.sp.gov.br. (Jornal do Carro)