Montadoras vencem desafios, mas terão outros

O Estado de S. Paulo

 

A variação do ritmo de recuperação da produção nos diversos segmentos está causando o que as montadoras chamam de micro paradas nas linhas de montagem. A cadeia produtiva, segundo a associação das montadoras, a Anfavea, está sendo afetada por insuficiência de insumos, como aço, e aumento nos preços das matérias-primas. A indústria, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, vem controlando a produção e operando com estoques “justos”.

 

Os estoques nos pátios das fábricas e das concessionárias fecharam o mês de outubro com volume suficiente para atender a 18 dias de venda, abaixo dos 20 dias registrados em setembro. São números baixos para a média histórica do setor. “Não dá para produzir sem ter certeza da demanda”, segundo Moraes. “A indústria está atendendo à demanda, mas sem exagerar na produção para não ter dinheiro empatado em estoque.”

 

Somam-se à cautela das montadoras na definição do ritmo das máquinas os problemas de fornecimento. “Falta de insumo aqui e ali pode ter impacto na produção”, observou o presidente da Anfavea. “A gente tem observado micro paradas no fornecedor, ou no fornecedor do fornecedor, e as montadoras estão tentando mitigar esse risco.”

 

A demanda, porém, está aquecida, o que representa uma notável mudança no cenário para o setor. “No primeiro semestre, tinha produto e não tinha locadora comprando.” Mas o aumento da demanda pode chegar a 150 mil unidades entre um mês e outro, o que não pode ser atendido imediatamente pelas montadoras.

 

A produção está sendo acelerada, inclusive com a abertura de jornadas no sábado, mas, mesmo assim, o atendimento de frotistas, como as locadoras, pode demorar até 180 dias.

 

A recuperação da produção e das vendas, nesse cenário, vem sendo expressiva. Em outubro, 236.468 unidades saíram das linhas de montagem, com aumento de 7,4% sobre setembro. Mas os resultados deste ano ainda são inferiores aos de 2019. Em outubro, a redução foi de 18%; nos primeiros dez meses do ano, de 38,5%.

 

Há muito a crescer para retornar ao nível do ano passado. E desafios adicionais a vencer, como os novos protocolos das fábricas e as dificuldades de planejamento de médio prazo num cenário marcado por falta de horizontes na política econômica e fiscal do governo. (O Estado de S. Paulo)