Em movimento surpreendente, Fiat encosta na líder de vendas GM em setembro

Portal Exame

 

Há muitos anos, o mercado automotivo não registrava tantas surpresas no ranking de vendas no Brasil. Após o SUV T-Cross, da Volkswagen, ultrapassar o Onix, da General Motors, e assumir a liderança em julho, agora é a vez da Fiat encostar no compacto da marca americana.

 

Segundo dados preliminares do Denatran, compilados pela Bright Consulting, a picape Strada subiu no ranking de automóveis e comerciais leves, em um movimento surpreendente e inédito, e figura na vice-liderança do mercado brasileiro em setembro, com 10.532 emplacamentos até a segunda-feira, 28. O Onix está, até o momento, na liderança com 14.786 unidades.

 

Vale lembrar que ainda faltam dois dias úteis para o encerramento do mês e os números podem mudar bastante.

 

A Fiat foi líder por 13 anos consecutivos do mercado brasileiro até 2013, quando perdeu o posto para a GM e seu compacto Onix. Até hoje, ninguém conseguiu tirar a marca americana da liderança.

 

Mas outras montadoras vêm tentando. A Hyundai e a Ford, com seus compactos HB20 e Ka, respectivamente, disputam de perto a liderança dos emplacamentos. Essa dinâmica prevalece no mercado brasileiro há mais de dois anos.

 

Por esse motivo, a escalada da Fiat com a Strada surpreendeu o setor. Após 20 anos, a marca italiana lançou a segunda geração da sua picape campeã de vendas e o primeiro lote de produção esgotou em poucos dias.

 

Picapes também são naturalmente voltadas para o segmento corporativo e, por isso, os emplacamentos tendem a ser feitos em volumes maiores. No ranking de vendas diretas da Fenabrave, que contabiliza as marcas que mais venderam para pessoas jurídicas e frotistas, a Volkswagen figura no primeiro lugar, seguida da Fiat e depois da GM.

 

Segundo apurou a reportagem da EXAME, a marca americana tem privilegiado a rentabilidade neste momento de pandemia, concentrando esforços no varejo, onde as margens são mais altas.

 

Já montadoras como Fiat e Volkswagen têm elevado ainda mais as vendas diretas, conforme mostram os números da própria Fenabrave.

 

Embora dois dias úteis de vendas sejam importantes para o desfecho do mês, a configuração do mercado automotivo em setembro mostra sinais importantes da estratégia das montadoras para enfrentar a crise. Não é de hoje que as vendas diretas seguram a indústria em momentos de retração. Mesmo em cenários de retomada, como foi o de 2019, os frotistas praticamente salvaram os volumes das montadoras.

 

No entanto, diante do movimento de consolidação das principais locadoras do mercado – grandes clientes das montadoras – a indústria automotiva deve ter ainda mais desafios de rentabilidade e volumes. A dança das cadeiras no ranking de vendas dos últimos meses pode ser só o começo. (Portal Exame/Juliana Estigarribia)