Puxados pelo dólar, preços dos carros disparam no Brasil

Jornal do Carro

 

Com a forte valorização do dólar, os preços de vários automóveis – importados e nacionais – subiram muito ao longo dos últimos 12 meses. Um dos casos mais emblemáticos é o do SUV Toyota RAV4, que chegou importado do Japão em maio de 2019 por a partir de R$ 165.990 e atualmente tem tabela inicial de R$ 219.990. A alta no período foi de R$ 54 mil, ou 32,53%.

 

O preço do Mercedes-Benz Classe A sedan, que vem do México e, portanto, é isento de taxa de importação, subiu mais ainda. Quando estreou no Brasil, em julho do ano passado, o carro custava R$ 139.900. Agora, é oferecido a R$ 190.900. A alta, de R$ 51 mil, equivale a um reajuste de 36,4%.

 

O ápice da disparada do dólar aconteceu quando o Brasil registrava as primeiras mortes pelo novo coronavírus. Em meados de maio, a moeda norte-americana bateu os R$ 5,90. A cotação recorde acabou por produzir casos curiosos.

 

O BMW Série 330e M Sport Hybrid foi lançado em abril deste por R$ 269.950 e em maio subiu para R$ 297.950 (10,4% de aumento). Já o novo Jeep Wrangler, que desembarcou em março com tabela de R$ 259.990, era oferecido no fim de junho por a partir de R$ 347.990. Ou seja: em três meses o preço subiu R$ 88 mil (alta de 33,85%).

 

Nacionais

 

Os aumentos também atingiram modelos feitos no Brasil. A explicação tem a ver com a alta nos preços de insumos, como aço, além de componentes, sobretudo eletrônicos.

 

A 12ª geração do Toyota Corolla, que chegou em setembro de 2019 com uma inédita versão híbrida com motor flexível, era tabelada a R$ 124.990. O então híbrido mais barato do mercado chegou a ter fila de espera. Agora, o sedã tem tabela de R$ 148.390. São R$ 23,4 mil de aumento, ou 18,72%.

 

Outro que vem se destacando nas vendas e no nível de reajuste dos preços é o Volkswagen T-Cross. O SUV compacto foi lançado há um ano e em agosto chegou a liderar os emplacamentos de carros novos no País.

 

A versão de topo da linha, Highline com motor 1.4 e câmbio automático, tinha preço sugerido a partir de R$ 109.990. Em um ano a tabela subiu 11,3% e agora começa em R$ 137.900. Em valores absolutos, estamos falando de R$ 27.910.

 

Lançada em marco deste ano, a nova geração do Chevrolet Tracker teve o preço reajustado desde então em 6,7%, no caso da versão Premier com motor 1.2 e câmbio automático. Na estreia, o preço era de R$ 112 mil e, agora, é de R$ 119.490. É como se o preço subisse R$ 1.248 por mês ao longo de seis meses.

 

Especialista em indústria automobilística da Bright Consulting, Cassio Pagliarini diz que o dólar é um componente importante na formação do custo dos veículos, mesmo os que são fabricados no Brasil. Sobretudo por causa dos conteúdos importado e das commodities. “No mínimo 30% do custo de um veículo está ligado a itens importados. Se o motor e o câmbio vierem de fora, o impacto direto da cotação da moeda pode chegar a 70% do custo do veículo.”

 

Segundo o consultor, aço, alumínio, vidro, plástico, borracha e lubrificantes são alguns dos itens cotados em dólar. “Com a alta da moeda, será preciso reajustar os preços dos carros feitos no Brasil em, no mínimo, 15% ao longo de 2020 para equalizar a alta dos custos.”

 

Pagliarini lembra ainda do impacto da alta dos custos de logística e da ociosidade das fábricas. Com isso, as fabricantes têm de diluir o custo fixo em um menor número de veículos.

 

Consultor da ADK Automotive, Paulo Roberto Garbossa acrescenta que ao nacionalizar um carro a montadora paga o dólar do dia. “A marca pode até fazer estoque de componentes importados para fugir da oscilação da moeda. Mas isso não vai resolver o problema”, diz. (Jornal do Carro)