Montadoras voltam a estudar adiamento de itens obrigatórios

Portal Autoo

 

As consequências da pandemia acertaram em cheio os caixas das montadoras no Brasil. Com fábricas fechadas e a expectativa de terem uma receita 40% inferior neste ano na comparação com 2019, a situação já era delicada por si só. No entanto, novas regras e marcos regulatórios já estão no horizonte das montadoras, o que deve pressionar ainda mais os gastos das fabricantes.

 

Entre as alterações, a partir de 2022 está programada a entrada em vigor da obrigatoriedade de controle eletrônico de estabilidade (ESP) para todos os veículos de passeio fabricados no Brasil. A regra já vale hoje, mas apenas para carros inéditos no mercado. Ainda em 2020, se tornou mandatório a todos os modelos a oferta de cinto de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, além da instalação de sistema Isofix para a fixação de assentos infantis.

 

Outra tarefa que está no horizonte das montadoras é a entrada em vigor de uma nova fase do Proconve. O programa regula a emissão de poluentes por veículos automotores e, entre 2022 e 2023 passará a ter regras ainda mais rígidas, colocando o Brasil a par com as regras Euro VI usadas na Europa desde 2014. Regras similares entraram em vigor na Índia em 2020 e causaram um aumento de preços para praticamente todos os veículos daquele mercado.

 

Desde junho, a Anfavea, associação que reúne os fabricantes de automóveis brasileiros, já vinha estudando a possibilidade de se pedir junto ao governo federal o adiamento tanto da obrigatoriedade do ESP quanto da nova fase do Proconve. Agora, com as estimativas mostrando uma queda abrupta na receita das filiadas, a associação voltou a ventilar essa possibilidade.

 

Durante a apresentação dos resultados do setor em julho, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, afirmou que as discussões nesse sentido já estão ocorrendo e as montadoras estudam pedir a postergação da entrada e vigor das novas regras e legislações por mais dois ou três anos. Assim, as mudanças correm o risco de chegarem ao mercado apenas em 2025, na melhor das hipóteses.

 

Segundo a Anfavea, não foram apenas os motivos financeiros e as quedas nas vendas que fizeram com que as associadas fizessem tal pedido. As regras de distanciamento social, segundo a entidade, também estão afetando os testes de novos componentes. Para manter a segurança dos funcionários em campos de prova e laboratórios de testes, o ritmo de desenvolvimento para a adaptação às novas regras estaria muito mais lento que o usual. (Portal Autoo/Thiago Moreno)