A recuperação da confiança da indústria

O Estado de S. Paulo

 

É sensível, entre os empresários da indústria, a queda do pessimismo com relação ao desempenho nos próximos meses, embora continue expressiva sua insatisfação com a atual situação. Desde maio, o Índice de Confiança da

 

Indústria (ICI) calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) vem mostrando avanço rápido. Depois de registrar entre maio e junho o maior aumento mensal da série histórica aferida pela FGV, de 16,2 pontos, o ICI voltou a subir de maneira notável de junho para julho, com alta de 12,2 pontos. Mesmo assim, ainda está em 89,8 pontos, abaixo do nível de 101,4 pontos observado em fevereiro, antes da chegada ao País da pandemia de covid-19, como mostra a Sondagem da Indústria divulgada pela instituição.

 

Além de intensa, a melhora do ICI é ampla, pois alcança 18 dos 19 segmentos industriais pesquisados. O Índice de Expectativas (IE), um dos componentes do ICI, subiu 14,3 pontos em julho, estando agora em 90,5 pontos. Com alta de 9,9 pontos, o Índice de Situação Atual (ISA) chegou a 89,1 pontos.

 

Nos últimos três meses, o IE recuperou 78% do que perdeu em março e abril, os piores meses para os indicadores da confiança da indústria durante a pandemia. O ISA recuperou 65% do que havia perdido.

 

A economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV Renata de Mello Franco avalia que, “em julho, a confiança da indústria de transformação segue avançando, impulsionada pela diminuição do pessimismo para os próximos três meses”. A economista destaca, porém, que a insatisfação com relação à situação presente continua elevada.

 

A FGV chama a atenção para dois indicadores, o de produção prevista e o de emprego previsto, os quais sugerem que, para os empresários, o terceiro trimestre tende a ser melhor do que o anterior. Mas o fato de outro indicador, o de tendência dos negócios, continuar em nível ainda baixo “reflete cautela em relação à velocidade e consistência da recuperação, dada a incerteza ainda muito elevada”, avalia Renata de Mello Franco.

 

Uma evolução destacada tem sido a do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que registrou alta de 5,7 pontos porcentuais de junho para julho, de 66,6% para 72,3%. O nível atual é apenas 3,9 pontos menor do que o de fevereiro, mas 7,5 pontos abaixo da média de janeiro de 2001 a março de 2020 (79,8%). (O Estado de S. Paulo)