Carros 1.0 têm maior participação em dez anos e podem retomar a ponta

AutoIndústria

 

O Fiat Mille completará exatos 30 anos neste segundo semestre. A versão do Uno, lançado seis anos antes no mercado brasileiro, foi a principal responsável pela forte ascensão da marca italiana nos anos 90 e o primeiro 1.0 do País, segmento que dominou o mercado nas duas décadas seguintes.

 

O trigésimo aniversário do Mille, assim, coincidirá com a recuperação da participação dos carros com motores de 1 litro e, talvez, até com a volta deles à liderança de vendas no mercado interno, posição alcançada pela última vez em 2009, quando responderam por 50,1% dos mais de 2,6 milhões de automóveis negociados então.

 

Se não retomarem a ponta, ficarão muito próximos dela. No primeiro semestre de 2020, os 1.0 acumularam 298,6 mil unidades comercializadas, 46,9% de todos os automóveis negociados. É a maior participação desde os 48,1% registrados em 2010.

 

Enquanto de janeiro a junho o mercado de automóveis recuou 40% – acima de 1 litro até 2 litros, a queda chegou a 49,2% -, o decréscimo do 1 litro foi bem inferior: 26,5%.

 

Não se trata de crescimento episódico ou consequência do atribulado momento em que o setor se vê por conta pandemia. A curva tem sido ascendente nos últimos anos. Em 2016, os 1.0 detiveram 33% das vendas, passando para 34,5% em 2017 e 36% em 2018. Encerraram 2019 com 895 mil unidades, 39,6% de participação. Ou seja: em quatro anos, ganharam quase 14 pontos porcentuais.

 

Impulsionada pela busca de maior eficiência energética determinada pelo Programa Inovar-Auto, criado em 2013, a tecnologia tem muito a ver, se não for a única motivação para o resgate do 1 litro após uma década.

 

Agora eles em quase nada lembram os chamados carros populares, como ficaram conhecidos, a partir de 1995, os 1.0 que se caracterizavam pelo despojamento no acabamento, pouco conforto e desempenho limitado.

 

A maioria do 1 litro atuais tem turbo, pode dispor de transmissão automática e conta, de série, com direção hidráulica, airbags, ABS e sistema de estabilidade, como quaisquer outros veículos de categorias acima. E com potências até acima de 100 cavalos – o dobro do que dispunha o pioneiro Mille -, nada mais desses motores equiparem somente pequenos hatch ou sedã, estão também em carros médios e até SUVs.

 

E mais vem por aí. E com a própria FCA, que, então só como Fiat, foi a primeira a colocar o 1.0 na rua, mas será uma das últimas montadoras de carros de volume a ter uma versão turbinada. Começa a ser produzida ainda este ano e equipará modelos Fiat e Jeep.

 

Não será surpresa, portanto, se nos próximos dois a três anos, mantidas as atuais regras fiscais e parâmetros técnicos, o 1 litro retornarem aos seus melhores tempos, com vendas no patamar acima de 60% de participação registrado entre 1998 e 2003, quando também estabeleceram fatia recorde: em 2001, de 69,8%. (AutoIndústria/George Guimarães)