O Estado de S. Paulo
A queda nas vendas de veículos novos, de 38,2% no primeiro semestre, puxa para baixo também os negócios de modelos usados. O segmento apresentou no período desempenho menos ruim, com queda de 34,7% em relação ao mesmo período de 2019, mas ainda assim preocupante, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgados.
As vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus usados somaram, no acumulado do ano, 3,347 milhões de unidades, enquanto a de novos totalizou 808,8 mil unidades. A proporção é de quatro modelos usados para cada zero quilômetro comercializado, mesma média verificada na primeira metade do ano passado.
“Este mercado sofreu durante o primeiro semestre, assim como o mercado de novos, pela retração nos negócios e pela dificuldade dos registros nas transações pelo fechamento dos departamentos estaduais de trânsito (Detrans)”, diz Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave. “Outro fator relevante foi o período em que as concessionárias permaneceram fechadas, durante a quarentena mais restritiva.”
Estoques elevados
O que diferencia os dois segmentos são os estoques. As concessionárias têm parados em suas lojas volume de carros usados superior a 60 dias de vendas, segundo estudo da consultoria MegaDealer. De novos, entre revendas e fábricas, há estoques para 45 dias de vendas. Levando-se em conta que a maioria das montadoras suspendeu produção por cerca de três meses, o número também é preocupante, dizem as empresas.
“Os estoques de usados chegaram a níveis alarmantes pois uma boa gestão é de um mês ou um pouco mais (de carros parados)”, afirma Fabio Braga, sócio da MegaDealer. “Os lojistas ficam sem liquidez e sem condições de pagar suas contas e os salários dos funcionários.” No ano passado, a média no período era de 39 dias de estoques.
Os dados da consultoria foram coletados em cerca de 3 mil concessionárias de todo o País e não incluem os veículos dos mais de 30 mil lojistas independentes. As revendas autorizadas respondem por cerca de 40% do mercado de usados, informa a MegaDealer.
O valor médio dos carros usados vendidos nas últimas semanas é de R$ 46,1 mil, acima portanto da média verificada no ano passado, de R$ 42,1 mil. “O consumidor que comprava carros mais baratos, e com isso jogavam o tíquete médio para baixo, saíram do mercado”, explica Braga. Segundo ele, quem não foi tão impactado pela crise provocada pela pandemia do coronavírus continua comprando. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)