Em meio à turbulência, Audi aposta em modelos de nicho

AutoIndústria

 

A Audi confirmou que pretende importar cinco de seus modelos esportivos: os novos RS 6 Avant, RS 7 Sportback, RS Q3 nas carrocerias SUV e Sportback e RS Q8. Quatro deles serão apresentados no início de julho a potenciais clientes para test-drive em evento fechado.

 

Essas muitas novidades da linha esportiva reforçam a estratégia que deve ser mantida pela marca nos próximos meses e que privilegia apresentar aos consumidores brasileiros produtos de imagem, como o superesportivo R8 ou o elétrico e-tron. Ou seja, a Audi apostará em nichos, carros de baixíssimos volumes.

 

Faz sentido. Com o mercado em forte queda e cercado de incertezas, o Q3 recém-atualizado e seu único produto nacional, o A3 Sedan, cumprindo os últimos meses da atual geração, é um modo de manter a marca em evidência sem grandes investimentos em um período desfavorável.

 

A Audi encerrou 2019 como a terceira marca premium mais vendida do Brasil, com 8,7 mil veículos licenciados, bem atrás das eternas rivais BMW (13,1 mil unidades) e da Mercedes-Benz (12,2 mil) e logo à frente da Volvo (7,9 mil). Perdeu essa posição no acumulado dos cinco primeiros meses de 2020 exatamente para a marca sueca, que somou 2,1 mil emplacamentos contra 2 mil da Audi.

 

Audi RS 8

 

E esse quadro dificilmente será revertido este ano, quando a Audi ainda pretende apresentar o e-tron Sportback que, a exemplo do SUV elétrico, estará na faixa dos R$ 500 mil. Novidades, digamos, mais comerciais chegarão mesmo somente em 2021, como um modelo híbrido e a nova geração do A3 Sedan, já apresentada na Europa e de onde será importada.

 

Esse é o mistério que cerca a operação brasileira da Audi: com o encerramento da produção do A3 Sedan, já admitida pela montadora, resta saber o que – e se produzirá! – a Audi fabricará na planta compartilhada com a Volkswagen no Paraná?

 

Pela crescente demanda de SUVs e o poder aquisitivo do mercado brasileiro, a solução mais natural seria a retomada da fabricação do Q3, interrompida no início de 2019, mas na nova geração. O modelo atualizado chegou às revendas no começo do ano e já assumiu o posto de Audi mais vendido no Brasil, com 605 emplacamentos contra 543 unidades do A3 Sedan.

 

Mas sua nacionalização segue uma incógnita, ainda mais depois da abrupta queda das vendas de veículos em 2020, a falta de perspectivas de retomada mais consistente no curto prazo e a recessão esperada para a maioria dos mercados de veículos mais importantes.

 

É razoável, portanto, que Johannes Roscheck, presidente e CEO da Audi do Brasil, esteja a reavaliar com a matriz os passos que devem, ou deveriam, ser dados pela operação brasileira. Já no fim do ano passado, quando da apresentação do Q3 importado e com o mercado brasileiro em ascensão, o executivo afirmou que “a decisão de produzir aqui] depende de muitos fatores ainda”.

 

O que dirá agora que as vendas despencaram 40% e que os volumes de produção tendem ser ainda menores do que os já insuficientes resultados dos últimos anos e que dificultaram o surgimento de fornecedores locais e a nacionalização de componentes? (AutoIndústria/George Guimarães)