Carros por aluguel tiveram queda de 90% na pandemia

Revista Auto Esporte

 

Um levantamento da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA) mostra que houve uma queda de mais de 90% no volume de aluguéis de carros para lazer ou negócios de 20% em frotas inteiras (para empresas privadas, órgãos públicos e governos) desde o início da pandemia de coronavírus.

 

Após 60 dias de medidas que restringem a circulação em boa parte dos municípios, também houve queda na procura por aplicativos de corrida, como Uber, Cabify e 99. Esse setor, que representa 20% das locações, também sofreu com a crise. A retração estava próxima dos 80% só nos últimos 45 dias.

 

Dos 200 mil veículos alugados para esse segmento, 160 mil foram devolvidos pelos motoristas desde o início da pandemia. Entretanto, o presidente da Abla, Paulo Miguel, vê que, passado o momento mais tenso da pandemia, os negócios voltarão à normalidade e o modelo de mobilidade estará favorável para o aluguel de veículos.

 

“Conforme as restrições forem diminuindo e as pessoas voltarem a circular, o mercado retoma. Não só os motoristas de aplicativos, porque as pessoas vão tentar evitar a aglomeração do transporte público, mas as que tiverem opções, devem também optar pelo carro alugado”, afirma ele.

 

Paulo também cobra ações mais firmes para tornar o aluguel de carros um serviço essencial, ou seja, que possa funcionar durante a pandemia. Segundo afirma, alguns estados fazem o aluguel da totalidade das frotas de viaturas de polícia e de serviços ligados à saúde, como ambulância e transporte de matérias hospitalares.

 

“Laboratórios que precisaram reforçar as suas frotas ou hospitais que precisaram de mais ambulâncias, enfim, essa necessidade de locomoção da pandemia. Se nós não estivermos de portas abertas para atender essa população, seria prejudicial a todo mundo”, conclui.

 

Em nota, a Localiza afirma que havia cerca de 76% das agências de aluguel em funcionamento normal ou com medidas restritivas. “O segmento de aluguel atingiu cerca de 53% de taxa de utilização em abril, com frota média alugada de 105.257 carros, e já vem conseguindo gradualmente recompor preços”, afirma.

 

O diretor executivo da Movida, Jamyl Jarrus, aponta que a empresa tenta vem se mantendo estável no ramo. “A Movida tem uma distribuição bastante grande entre segmentos de negócio, ou seja, a gente não dependia só de viagens corporativas”, afirma.

 

Com esse modelo, a empresa sofreu um impacto menor nos negócios. “Nós fomos a primeira locadora a apostar na terceirização de frota no longo prazo [carros por assinatura]. Ao longo desses três anos, nós criamos um lastro de clientes, que é o segmento menos afetado, que menos sofreu devolução ou qualquer demanda”, diz ele.

 

Os aluguéis de carro também atingem um outro segmento: o da venda de carros. Foram 520 mil unidades vendidas para o setor de locação de automóveis em 2019, segundo dados da Anfavea.

 

“Esse ano vai ser complicado, talvez [seja um ano] de venda de veículos para repor caixa, porque as pequenas montadoras não têm caixa para aguentar tanto tempo essa crise, então isso é um problema. Isso vai afetar a indústria automotiva do Brasil”, afirma Paulo.

 

Na saída da crise, Jamyl prevê que as viagens dentro do país devem voltar a acontecer antes das internacionais. “A gente enxerga famílias dentro de um ambiente isolado e vai para um hotel fazendo, litoral, interior, é muito nesse nicho que estamos apostando e criando produtos”, afirma ele. (Revista Auto Esporte/Renan Sousa e Rodrigo Ribeiro)