Doria libera abrir shoppings e lojas de rua na capital paulista a partir de junho

O Estado de S. Paulo

 

A partir de junho, a cidade de São Paulo poderá abrir com restrição shoppings, escritórios, lojas de rua, concessionárias e imobiliárias. As atividades não serão retomadas na segunda-feira na capital, pois faltam acordos com cada setor. Essa definição será feita pela Prefeitura. O fim da quarentena que vigora desde o dia 24 ocorrerá em cinco fases e será variável de acordo com a região do Estado. As atividades com autorização para reabrir seguirão regras como limitar acesso de clientes por vez e oferecer álcool em gel. Os shoppings, por exemplo, serão obrigados a evitar aglomerações e os estandes de venda de prédios deverão ser ventilados. O uso de máscaras continua obrigatório no Estado.

 

A cidade de São Paulo poderá abrir, com restrições, shoppings, escritórios, lojas de rua, concessionárias e imobiliárias a partir de junho, segundo o plano de reabertura do Estado anunciado ontem pelo governador João Doria (PSDB). A saída da quarentena, em vigor desde 24 de março, terá cinco fases, da mais restritiva (atual) para a mais flexível e varia para cada região do Estado, que segue com o uso obrigatório de máscaras. Na capital, as atividades ainda não serão retomadas na segunda-feira porque a reabertura depende de acordos com cada setor econômico e aval de órgãos municipais de saúde, o que só vai começar na semana que vem, segundo a Prefeitura.

 

O local que for autorizado a reabrir terá de seguir regras, como limitar acesso de clientes e oferecer álcool em gel. Shoppings, por exemplo, precisarão agir para evitar aglomerações. Stands de venda de prédios deverão seguir recomendação para serem ventilados.

 

Segundo Doria, a retomada será nas cidades com redução consistente de casos, com disponibilidade de leitos nos hospitais públicos e privados e nas que obedecerem o distanciamento social. Especialistas veem riscos na flexibilização na capital e em outras cidades, no momento em que ainda há alta de mortes e alta ocupação de UTIs (leia mais nesta pág.) Para Doria, “não é relaxamento, mas um ajuste fino” conforme necessidades regionais. “E temos dados técnicos para garantir essa retomada segura” afirmou.

 

O prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que nada abre na segunda na capital e os planos específicos para a cidade serão detalhados hoje. “A partir do dia 1.º vamos começar a receber propostas de acordo setorial. Essas propostas serão validadas pela vigilância sanitária municipal e somente quando assinados pela entidade representativa do setor e a Prefeitura é que o setor poderá reabrir.”

 

Mas nas 38 cidades da Grande São Paulo, a situação ainda é considerada crítica. Embora milhões de moradores da região metropolitana trabalhem na capital, o que torna a fiscalização difícil, Covas disse se basear em critérios técnicos. “Os resultados mostram estabilidade em relação a número de casos, contaminação, óbitos semanais, ocupação de leitos de UTI.”

 

Por etapas

 

No plano de Doria para a reabertura, o Estado foi dividido em 18 regiões e há cinco fases de restrições. A 1.ª etapa, vermelha, vigente hoje em todo o Estado, libera o funcionamento só de serviços essenciais, como os de saúde e limpeza pública, além da indústria e da construção civil. Três regiões do Estado continuam no alerta máximo – Grande São Paulo, Baixada Santista e Registro.

 

A fase 2, laranja, prevê flexibilização em alguns setores, como shoppings e lojas de rua. Além da capital, mais 10 estão nesse patamar. No nível 3, amarelo, já é possível reabrir bares, restaurantes e salões de beleza, mas ainda com restrições de horário e fluxo de clientes. Quatro regiões do Estado são amarelas.

 

Nenhuma região atingiu os dois últimos níveis. No quatro, haverá abertura maior, incluindo academias, mas ainda com restrições. E o cinco, chamado de “novo normal controlado”, traz a liberação total – incluindo teatros, cinemas e eventos, mas com medidas de higiene. A retomada de aulas presenciais no setor de educação e o retorno da capacidade total das frotas de transportes seguem sem previsão.

 

A flexibilização vai levar em conta a capacidade do sistema de saúde, com a taxa de ocupação de leitos de UTI e o número de leitos por 100 mil habitantes, além da evolução da epidemia, com números de casos, internações e óbitos. Na primeira versão do plano de reabertura, apresentada em 8 de março, esses critérios teriam metas fixas, como isolamento de 55%, ocupação de 60% de UTIs e duas semanas na queda de novos casos. Agora, esses critérios foram relaxados, mas seguem monitorados pelo Estado. Não foram detalhados patamares específicos.

 

Segundo a economista Ana Carla Abrão, coordenadora do comitê econômico de São Paulo, a cada sete dias haverá reavaliação das classificações e as regiões poderão regredir de fase. A cada 15 dias, pode haver avanço para fase menos restritiva.

 

Os prefeitos vão conduzir e fiscalizar a flexibilização dos setores, segundo os critérios estabelecidos. Com isso, Doria cedeu a apelos de prefeitos do interior e de seus próprios auxiliares. Serão as próprias prefeituras em cada cidade que fiscalizarão as atividades econômicas e, eventualmente, aplicar punições. (O Estado de S. Paulo/Bruno Ribeiro, Pedro Venceslau, Paloma Cotes e Mariana Hallal)