O tombo do segundo trimestre

AutoIndústria

 

Se o mercado interno perdeu fôlego nos primeiros três meses do ano, naturalmente o quadro será bem mais complexo após o segundo trimestre. Projeção da Bright Consulting indica que de abril a junho, período já integralmente sob as medidas de isolamento social para o combate à Covid-19, apenas pouco mais de 295 mil veículos serão negociados no Brasil, cerca de 45% do resultado registrado no segundo trimestre do ano passado, quando chegaram às ruas 669 mil automóveis e comerciais leves.

 

Ao longo de 2020, calcula a consultoria, devem ser vendidos 2,15 milhões de veículos no País, para produção local de 2,2 milhões de unidades. Uma recuperação importante é calculada para 2021, quando poderão chegar às ruas 2,4 milhões de unidades e 2,45 milhões produzidas, assim como para 2022, com projeções de 2,6 milhões de veículos vendidos e produção de 2,64 milhões.

 

Bom lembrar: em 2019, ainda longe dos melhores anos da indústria, os brasileiros consumiram 2,66 milhões de veículos e a indústria local fabricou 2,8 milhões. Ou seja, na melhor das hipóteses, o país retornará a esses níveis somente em 2023, a se confirmarem as projeções da Bright.

 

“Os efeitos da crise, que perdurarão após a volta da livre circulação das pessoas e veículos, farão parte da gestão diária dos executivos do setor automotivo por longo tempo. As consequências na indústria automobilística serão multifacetadas e permanentes, a ponto de a reorganização do setor ser uma nova história a ser contada”, assinala a consultoria.

 

A Bright lembra que as montadoras já sinalizam com novos produtos e prazos de lançamento, “ajustados à nova realidade mais lenta e de menor volume” e que a confiança do consumidor necessária para a compra de um automóvel “evaporou” com a descapitalização das famílias.

 

Paralelamente, acredita que os veículos usados, transformados em caixa para pagar despesas, terão seus preços rebaixados, as montadoras trabalharão a venda dos estoques existentes, “sem loucuras” – já não se encontram mais oferta de taxa zero, exemplifica – e as vendas  corporativas tendem a cair nos próximos meses, como para locadoras, que estão com seus pátios cheios devido à demanda menor e menos rodados do que o habitual.

 

A tempestade perfeita se completa com pressão de preços dos usados reverberando nos valores praticados para os veículos zero, exatamente quando, afirma a Bright, as montadoras necessitam repassar em torno de 12% de aumento de custo devido à drástica valorização do dólar, base para commodities e conteúdo importado dos veículos. (AutoIndústria)