Como a queda no preço do petróleo afeta os seus investimentos

O Estado de S. Paulo

 

O investidor que tem empresas ligadas ao petróleo em sua carteira de ações tomou um susto na manhã de ontem, segunda-feira (30). Com o preço da commodity em forte queda, o barril de Brent chegou a ser negociado a US$ 22,89, menor cotação em 18 anos. Nos EUA, o petróleo caiu abaixo de US$ 20.

 

O recuo é resultado do choque de demanda provocado pelo isolamento das pessoas em função do coronavírus e da disputa entre Rússia e Arábia Saudita, os dois maiores produtores de petróleo no mundo. A baixa deve ser sentida nos investimentos: os papéis da Petrobras abriram o dia em R$ 13,36, mas o preço das ações caiu para R$ 12,86, às 11h.

 

De acordo com Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o investidor que aceita menos risco deve ter calma e não agir por impulso. “O mundo está totalmente desorganizado, o preço das ações está deturpado. É hora de esperar o terremoto passar”, disse.

 

Essa também é a opinião de Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos. “Ter paciência e cautela é essencial porque uma hora o mercado vai se recuperar”, diz. O especialista ainda ressalta a importância de não concentrar a carteira em um único tipo de ativo. “Nós orientamos os investidores a pensar em um limite de 15%  para cada tipo de ação.”

 

No entanto, há quem acredite que o momento é de reduzir as posições. “O investidor deve procurar empresas mais estáveis”, explicou Marco Saravalle, analista independente de investimentos, com passagens pela XP e Banco Safra.

 

Para Saravalle, o mercado de petróleo está mais sujeito a ter grandes oscilações que a média, já que está sendo pressionado tanto pelo coronavírus, quanto pela guerra de preços entre os principais países produtores.

 

E qual é o impacto para o consumidor final?

 

A derrapada na cotação dos barris deve chegar às bombas. Para os especialistas ouvidos pelo E-Investidor, a Petrobras poderá realizar novos cortes nos preços da gasolina e do diesel. No entanto, a questão é a intensidade com que a queda será sentida pelo consumidor final.

 

“O impacto é bem menor para o consumidor por conta da incidência dos impostos sobre a gasolina e também pela falta de fiscalização”, disse Panonko. “As distribuidoras e postos podem não repassar a baixa.”

 

Os especialistas alertam ainda que a queda no preço pago pelo consumidor nos combustíveis é uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que traz benefícios para o bolso dos clientes finais, a baixa pode prejudicar várias empresas que fazem parte da cadeia do petróleo e provocar desemprego.

 

“Quem gerencia o mercado de petróleo está deixando o preço cair, pensando que dessa forma pode aniquilar os grandes competidores, como os produtores de etanol e biodiesel dos EUA e do Brasil”, explicou Pires. (O Estado de S. Paulo/Jennefer Andrade)